Bandeira de Mello rebate declarações de Marcos Braz e manda recado para o dirigente do Flamengo

FOTO: DIVULGAÇÃO

No último sábado (25), em bate-papo com a FLA TV, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, atacou Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do clube. Nas palavras do atual dirigente, o ex-mandatário foi “covarde, mau-caráter e oportunista”. Já nesta terça-feira (28), em entrevista ao programa “BB Debate”, da ESPN Brasil, Bandeira de Mello respondeu as declarações deferidas por Braz.

Na visão de Bandeira, as diretorias devem parar imediatamente de debater e o foco deve ser garantir assistência e negociar as indenizações para as famílias dos 10 jovens atletas que faleceram no incêndio do CT Ninho do Urubu, em fevereiro de 2019.

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CONFIRA A RESPOSTA DE BANDEIRA NA ÍNTEGRA

— Evidente que não posso concordar (com o que foi dito por Marcos Braz). Eu ainda não tinha assistido (à fala de Braz na FlaTV), apenas tinha visto a transcrição em sites e respondi para quem pediu minha opinião. Acho que tudo o que foi dito (por Braz) é totalmente inconsistente. Em primeiro lugar, quando eu disse que na nossa administração (o incêndio) dificilmente teria acontecido, eu falei e provei que os meninos já estavam no CT novo. (Quando disse isso) Não quis atingir ninguém, não atingi ninguém, não culpei ninguém, até porque seria irresponsabilidade culpar alguém enquanto há uma investigação em curso.

— Agora, as coisas que ele falou, que todas as notificações da Prefeitura chegaram na nossa administração, eu digo: chegaram sete de 33, o restante chegou em 2019, e várias vieram só depois do incêndio. Os contêineres que ele cita estavam perfeitamente adequados, e são usados em todas as unidades de pronto atendimento da Prefeitura do Rio, em vários hotéis do mundo, em alojamentos de plataformas oceânicas, até o alojamento do Corpo de Bombeiros do Rio usa módulos habitacionais idênticos aos do Flamengo.

— As causas do incêndio precisam ser apuradas, assim como outros incêndios que ocorreram em módulos habitacionais, no Museu da Quinta da Boa Vista, no Hospital Lourenço Jorge, no Museu da Língua Portuguesa, na Catedral de Notre Dame… Em todos os incêndios, a causa precisa ser apurada, e tenho certeza que vão chegar a uma conclusão precisa.

— Quando eu falei que os meninos já tinham se mudado para o módulo novo em dezembro, eu tenho documentos. Eu mesmo estive com eles em 21 de dezembro de 2018, logo depois que ganhamos do Fluminense.

— O que aconteceu a partir de janeiro de 2019, aí eu não posso falar, pois já não estava mais lá. O que aconteceu foi que o CT novo foi inaugurado em 30 de novembro de 2018. No dia 2 de dezembro, ocorreu o último jogo do time profissional, contra o Athletico-PR. Eles entraram de férias, e na volta estava prevista a ida à Florida Cup, só voltariam ao Rio depois. Então, a partir de dezembro, o CT estava disponível, e, como o time principal estava de férias, e todas as categorias de base também o CT provavelmente ficaria vazio. Só que o sub-17 se classificou para a final da Copa do Brasil, então, eles foram se concentrar no CT. Temos registros disso. Quando eu fali que eles já estavam ocupando o CT, não é uma opinião minha, não é acusação a ninguém.

— Não estou acusando os módulos habitacionais nem ninguém da atual diretoria. Se eles tomaram uma ou outra decisão nesse sentido, não deve ser creditado a isso. Está sendo apurado. Tudo isso está sendo explorado de uma maneira que eu acho incorreta. Expliquei tudo já, respondi inclusive em CPI.

— Agora, estou sentindo que isso está sendo levado para um lado incorreto. Nesse caso do Ninho do Urubu, a gente tem que focar na coisa principal: a dor das famílias que perderam 10 crianças de maneira horrível. Isso é o principal. A discussão de indenização, reparação, tudo isso eu acho que é o principal.

— Nesta hora em que estamos vivendo, essa tragédia, essa pandemia, com pessoas morrendo, não vejo sentido em ficar discutindo esse tipo de coisa. Já esclareci tudo e não pretendo voltar neste assunto, porque, sinceramente, não faz muito sentido.

— De fato, foi emitido um auto de interdição para a área do CT, mas ninguém ficou sabendo. Foi no dia 24 de outubro de 2017, mas isso nunca chegou a mim. Isso é fácil de provar, pois é um documento que pode ser rastreado. Então, em nenhum momento chegou ao meu conhecimento qualquer documento se referindo ao alojamento dos meninos.

— O que tem da Prefeitura nessa época na verdade são elogios, das inspeções feitas pelo Conselho da Crianças e do Adolescente. Nos relatórios do Ministério Público, todos eram positivos. Depois, apareceu, não se sabe como, um outro relatório, com data de 2018, que só foi entregue em 2019, depois do incêndio, em que são apontados pequenos retrocessos. Mas não era nem nos alojamentos, e sim em uma casa antiga, que já existia quando o Flamengo comprou o terro. Houve zero notificações, autuações, multas, em relação ao alojamento que os meninos ocupavam.