Por: Higor Neves e Yuri Sobral
No dia 01 de junho de 2019, torcedores do Flamengo aguardavam ansiosos pela partida contra o Fortaleza, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro – que acabou sendo vencida por 2 a 0. Porém, o que mal sabiam era que, do outro lado do mundo, na Espanha, uma decisão mudaria a história do clube: o acerto com o técnico Jorge Jesus, firmado presencialmente pelo presidente Rodolfo Landim.
Apesar de desconhecido no Brasil, Jorge Jesus chegava ao Rubro-Negro com títulos da Liga Portuguesa na bagagem e grande prestígio no país luso, por conta do sucesso que fez no comando do Benfica e do Sporting. Um ano depois, o Mister passou não só a ser reconhecido no futebol nacional, mas também encantou, empilhou títulos e se fez amado pela Nação Rubro-Negra, liderando a equipe à quebra de jejuns e conquista troféus.
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- A VOLTA AO TOPO DA AMÉRICA
Há anos, a Copa Libertadores vinha sendo motivo de tristeza para o torcedor rubro-negro. Isso porque, desde 2010 a equipe sequer conseguia passar da fase de oitavas de final e acumulava vexames. Mas o Mister apareceu para mudar esse cenário.
No primeiro jogo pela competição, o 2 a 0 sofrido para o Emelec ligou o alerta amarelo. O português, com nome de salvador, poderia ser apenas mais um plebeu a sucumbir aos fantasmas do torneio continental. Na volta, porém, apoiado em um artilheiro inspirado e um Maracanã ensandecido, a classificação veio nos pênaltis, após vitória por 2 a 0 no tempo normal, com os dois gols de Gabigol.
Na sequência da trajetória, dois gigantes brasileiros acabaram dominados e abatidos: Internacional e Grêmio nada puderam fazer contra o – já avassalador – Flamengo de Jorge Jesus. Fora de casa, o Fla empatou contra ambos com o placar de 1 a 1 (e há quem diga que os gaúchos deveriam agradecer por arrancarem um empate). No Maracanã, 2 a 0 seguro contra o Inter. Ante o Grêmio, menos piedoso e ainda mais inspirado, o Rubro-Negro aplicou a maior goleada em uma semifinal de Libertadores: 5 a 0 e vaga na final após 35 anos.
Gabigol fala sobre relação dos jogadores com Jorge Jesus || ?: Isabelle Costa/ Coluna do Fla
A grande final da competição aconteceu em 23 de novembro, no estádio Monumental U, em Lima-PER. Pela primeira vez, a Libertadores era decidida em apenas um jogo. Conhecendo a responsabilidade, Flamengo e River Plate protagonizaram um duelo eletrizante, que entrou para a história do futebol mundial: novamente apoiado na estrela de Gabigol, o Rubro-Negro virou a partida com um gol aos 43 minutos do segundo tempo e outro já aos 46, repetindo o feito que apenas Zico e cia haviam conseguido em 1981.
- A CONQUISTA DO BRASIL E A QUEBRA DE PARADIGMAS
Ou ganha Copa, ou ganha liga: no Brasil, esse pensamento já vinha sendo enraizado na cabeça dos técnicos – Renato Gaúcho, Mano Menezes, Felipão… Treinadores consagrados no cenário nacional tinham cada vez mais a convicção de que não dava para disputar o Brasileirão em alto nível e, simultaneamente, competir em torneios como Copa do Brasil e Libertadores. E o Mister foi mais uma vez responsável por quebrar isso.
Apesar da queda na Copa do Brasil – nos pênaltis, após dois empates com o Athletico-PR – o Fla seguiu forte na Liberta e, no Campeonato Brasileiro, se tornou mais absoluto ainda. Quando Jorge Jesus assumiu o Rubro-Negro, a equipe estava na terceira colocação, com oito pontos a menos que o Palmeiras, mas demorou pouco para o cenário mudar.
Jorge Jesus recebe carinho da torcida após Junior Barranquilla 1×2 Flamengo, pela Libertadores de 2020 || ?: Isabelle Costa/ Coluna do Fla
Na 16ª rodada, com goleada por 3 a 0 sobre o Ceará, o Fla chegou ao topo da tabela, deixando para trás Santos e Palmeiras, que antes pareciam grandes protagonistas na busca pelo título. Ao todo, o Mais Querido emendou sequencia de oito vitórias seguidas, sendo esse o maior recorde de uma equipe no atual formato da competição.
Aliás, recorde foi uma palavra que não faltou para o Flamengo ao fim do Brasileirão: 90 pontos (maior em uma edição de pontos corridos com 20 times); mais vitórias (24); melhor ataque (86 gols); além de conquistas individuais, como artilheiro e melhor jogador para Gabigol. Na seleção da CBF, 9 dos 11 jogadores pertenciam ao Fla: Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Filipe Luís, Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol. Os dois ‘intrusos’ foram Santos e Bruno Guimarães, ambos do Athletico.
- O INÍCIO AVASSALADOR EM 2020 E O FUTURO INDEFINIDO
O Flamengo encerrou 2019 em alta e, no ano seguinte, retornou com ainda mais fome de títulos. Mantendo a base da equipe campeã no ano anterior – dentro os titulares, apenas o zagueiro Pablo Marí foi negociado – o Fla conquistou todas as competições que disputou no primeiro trimestre: Taça Guanabara, Recopa Sul-Americana e Supercopa do Brasil.
Se dentro de campo as coisas corriam bem, fora dele, as partes também já se movimentavam para extensão do vínculo. Até que a pandemia do novo coronavírus fez o show parar dos dois lados. Sem jogos e com crise financeira mundial, a capacidade do Fla diminuiu, as conversas foram pausadas, e a situação passou a se arrastar.
Desde o dia 01 de maio, Jorge Jesus está no Rio de Janeiro e tem rotineiras reuniões com o Flamengo – seja pessoalmente ou por intermédio de representantes. Até então, o cenário ainda é visto de forma positiva pelos dois lados, mas a assinatura não é certeza. De fato concreto, o que se sabe é que Jorge Jesus mudou a história do Fla e que, se não renovar, o adeus ao clube será no dia 20 de junho, quando seu vínculo se encerra.
- APROVEITAMENTO NO FLAMENGO
Jogos: 52
Vitórias: 39
Empates: 9
Derrotas: 4
Gols marcados: 118
Gols sofridos: 45
Títulos: Copa Libertadores da América (2019), Campeonato Brasileiro (2019), Taça Guanabara (2020), Supercopa do Brasil (2020), Recopa Sul-Americana (2020).