FOTO: DIVULGAÇÃO / FLAMENGO
Com o passar dos anos e após uma forte reestruturação financeira, que se deu início em 2013, o Flamengo se tornou um dos clubes mais ricos do Brasil, obtendo receita bruta de R$ 950 milhões em 2019. Não à toa, o Rubro-Negro tem investido forte no elenco. Porém, muitos torcedores, rivais e flamenguistas, têm se perguntado por que o clube carioca ainda tem dívidas. O ex-vice-presidente de finanças do Fla, Claudio Pracownik, explicou.
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O ex-VP ficou de maio de 2015 a agosto de 2018 no cargo de vice-presidente de finanças do Flamengo e participou de toda reestruturação do clube – isso porque, antes disso, de 2013 a 2015, ele era vice-presidente de administração do rubro-negro. No Fla, o endividamento líquido ficou em R$ 505 milhões no balaço do último ano. Pracownik afirmou que é melhor você estender o pagamento, para poder investir no clube, do que pagar de uma só vez.
— Fica mais barato para ele se financiar, organizar o fluxo de caixa e fazer investimentos que vão dar retorno futuro do que simplesmente pagar a dívida e não fazer investimentos. Ao pagar sua dívida, você pode eliminar um capital de garantia para eventualidades, como é o caso da Covid-19 —, explicou o ex-vice de finanças do Fla, em entrevista ao O Globo.
Atualmente, Claudio Pracownik é o Presidente da Comissão de Finanças do Conselho Deliberativo do Flamengo – cargo que assume desde janeiro de 2019. O ex-VP ponderou ainda que o Fla tem patrimônio líquido positivo – R$ 128 milhões. Por isso, como um todo, as dívidas do momento são “controláveis“, pois dão a oportunidade para que o clube continue investindo e obtendo mais lucro, tendo assim mais verba para ajudar na quitação dos débitos.
— Gestão financeira não pode se ater a um indicador. O gestor financeiro conjuga fluxo de caixa, endividamento da empresa, previsibilidade de superávit, investimentos e a previsibilidade do retorno. É tudo delicado. Olhar para um índice só é fazer uma atividade pobre. Como se fizesse um check-up e olhasse apenas para o coração —, pontuou.
O economista César Grafietti, por sua vez, analisou as dívidas do Flamengo e apontou que o clube começou o ano com R$ 117 milhões a pagar em curto prazo com transferências de jogadores. O balanço rubro-negro registrou ainda R$ 217,5 milhões a serem quitados a longo prazo em tributos, sendo a maior parte no Profut, com parcelamento e descontos de juros e multas. Com isso, os empréstimos feitos já durante a pandemia não devem se tornar dor de cabeça futura.
— As dívidas são melhores ou piores de acordo com a capacidade de pagamento. Sempre digo que é melhor dever R$ 1 milhão ganhando R$ 10 milhões mensais que dever R$ 500 ganhando R$ 1 mil. Enquanto um deve 10% da renda o outro deve 50% — afirmou César Grafietti, em entrevista ao O Globo, antes de prosseguir:
— Há o costume de associar dívidas a problemas, mas a verdade é que, em finanças, as dívidas são parte do jogo. É uma forma de usar dinheiro de terceiros para financiar suas atividades. De certa forma, é uma espécie de alavanca aos negócios. Elas são parte de qualquer atividade produtiva — encerrou o economista.