O apagar das luzes
Por Marcus Souza
Esse não será um texto sobre o Flamengo, mas sim sobre nossas vidas na qual ele faz parte.
2020 chegou ao fim, possivelmente um dos anos mais difíceis da história da humanidades, certamente o mais difícil vivido pelas atuais gerações.
Dentro e fora de campo, tudo pareceu desandar, as perdas se tornaram incontáveis em números e indescritíveis em palavras, nos afastamos de amigos, familiares, empregos e dos estádios. Como em um sopro da natureza, parece que nos foi tirado o direito de comemorarmos a vida, restando apenas a responsabilidade de preservá-la.
Dormimos nos primeiros meses do ano com sonhos, metas e desejos, mas como em uma tragédia anunciada, acordamos no pesadelo da realidade, o esporte foi interrompido, 200 mil vidas brasileiras foram interrompidas, alguns sonhos cancelados, outros perdidos para sempre.
O mundo parou, não podia parar, mas precisava.
Tivemos de reaprender a viver, a conviver, e no novo normal muita coisa se perdeu.
A esperada hegemonia do Flamengo foi adiada, o sonho do tri da libertadores no Maracanã se foi, conquistas foram perdidas pelo caminho, o rendimento do elenco caiu como o de qualquer outro cidadão que viesse a sofrer do mal que assola o mundo. São humanos, seus psicológicos são afetados como o de quaisquer outros, possuem medos como todos nós, viram vidas serem perdidas como todos nós.
Não quero questionar aqui o melhor rendimento de outras equipes, a má escolha dos treinadores para essa temporada ou outros pontos fracos do clube esse ano, o texto não é sobre critica, mas sim sobre humanidade.
Talvez como profissionais que são, não devessem sentir tanto, mas como humanos que todos somos, se imaginem no gramado. Olhem para as arquibancadas vazias, o silêncio ensurdecedor de medo e morte, a ausência do magnetismo causado pela maior torcida do mundo, talvez com esse simples exercício de empatia possamos entender um pouco melhor do que foi esse ano.
Não sei como será 2021, se o vírus ainda demorará para passar ou quanto tempo levará até que possamos cantar juntos nos aniversários, nos shows e nos estádios “A cima de tudo Rubro-Negro, amor maior não tem igual, eu juro que no pior momento, vou te apoiar até o final!”. Mas enquanto a dura realidade bater a porta, cuidem-se, cuidem das pessoas que vocês amam, para que seus sonhos adiados não precisem ser enterrados sem direito a despedidas.
Apenas de vidas brasileiras, de 3 a 4 Maracanãs nos deixaram esse ano, em 8 meses.
A maior torcida do mundo faz a diferença, sempre fizemos, somos 1/5 da população nacional, conto com vocês para que possamos ter um ano de 2021 melhor, para que a situação melhore ao ponto de podermos lotar cada um dos estádios que jogarmos e voltarmos a cantar a plenos pulmões que “o campeão voltou”, para que as lágrimas em nossos rostos voltem a ser de alegria, e marcarmos mais uma vez a história.
Mas no apagar das luzes de 2020, não teremos aplausos, apenas o silêncio e a saudade das pessoas e sonhos que ficaram pelo caminho.
Saudações Rubr Negras;