Por: Tulio Rodrigues
A história do patrimônio do Flamengo começa ainda nos anos 20, quando o então presidente, Faustino Esposel, buscou junto à prefeitura, um terreno para a construção da sede do clube. Com 34.120 metros quadrados, o espaço oferecido ficava às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. O contrato de arrendamento foi assinado em 02 de março de 1926. A transferência das atividades para o local só ocorreu a partir de 1931, na administração de Carlos Mamede.
Ao longo dos anos, vários espaços esportivos foram sendo incorporados ao complexo esportivo na sede do Flamengo. Em 1963, Fadel Fadel inaugurou o parque aquático com piscina social e olímpica. Depois, foi inaugurado o Ginásio Togo Renan Soares para prática de vôlei e futsal, o Ginásio Cláudio Coutinho para a ginástica artística e o Ginásio Hélio Maurício para o basquete.
Ao longo dos anos, diversas melhorias e melhoras foram feitas na sede, mas entre os anos 90 e 2000, houve um abandono. Sua revitalização começa com a gestão de Patrícia Amorim, a partir de 2010. Ela inaugurou a Arena Nunes, um campo de futebol; a Arena de Beach Soccer Maestro Júnior, em 2012 e o parque infantil. Ainda deixou um contrato de aluguel da sede com o Comitê Olímpico Americano.
Na gestão de Eduardo Bandeira de Mello, iniciada em 2013, o contrato foi revisto e ia além do aluguel do espaço, mas incluiu reformas de diversos espaços da sede. No fim de 2014, o ginásio de basquete Hélio Maurício foi entregue com melhorias. Em 2015, foram reinaugurados os ginásios Togo Renan Soares, o Cláudio Coutinho, que havia se deteriorado após um incêndio no fim de 2012 e toda área do departamento médico e do judô. Além das reformas estruturais, o Comitê Olímpico Americano investiu em muitos equipamentos de ponta, que ficaram com o clube após o fim das Olímpiadas e dos Jogos Paralímpicos de 2016.
Em julho de 2016, o Flamengo inaugurou a piscina olímpica Daltely Guimarães. Em 2019, já sob a gestão de Rodolfo Landim, também foi inaugurada a piscina olímpica Rômulo Duncan Arantes. Essa piscina tinha um vazamento de água que onerava e muito as contas de água do clube. As obras foram iniciadas ainda na gestão de Eduardo Bandeira de Mello e ficou vários meses desativada.
Em 2018, ainda sonhando em construir a Arena MC Fla (arena poliesportiva) e o estádio, o Flamengo conseguiu mudar o aforamento da sede da Gávea, datado de 1931. Com essa alteração, o clube agora pode oferecer serviços comerciais para não sócios. A arena foi descartada pela direção de Rodolfo Landim, que prioriza outras melhorias como a construção de empreendimentos alimentícios e academias. No fim de 2021 foi inaugurado o novo parque infantil. A sede remo, que fica em frente ao clube, na beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, também passou por reformas e atualmente também é alugado para outros eventos. O dinheiro é revertido na compra de novos barcos.
MORRO DA VIÚVA (EDÍFCIO HILTON SANTOS) E CASA DE SÃO CONRADO
O terreno que foi construído o edifício do Morro da Viúva, localizado na Avenida Rui Barbosa, 170, foi cedido ao Flamengo por Arnaldo Guinle, presidente do Fluminense, em 1930. A construção do que seria o “Palácio do Flamengo”, só foi iniciada em 1941. O vice de futebol, Hilton Santos, idealizou a construção de um prédio de 24 andares, com 148 apartamentos, salões, restaurante, biblioteca e auditório. As obras só foram possíveis graças a um empréstimo de junto ao seguro Sul América de 40 milhões de cruzeiros. A inauguração ocorreu em 1953, num banquete para mais 500 pessoas e contou com a presenta do presidente Getúlio Vargas.
O edifício serviu como moradia para atletas da base e chegou abrigar até mesmo jogadores profissionais. Com o passar dos anos, sem ter condições para mantê-lo, o clube passou a alugar para pessoas comuns. O prédio chegou a ser ocupado e foi se degradando com o tempo.
Ainda na gestão de Patrícia Amorim, a REX, empresa do Grupo EBX, de Eike Batista, começou a negociar com o clube a concessão do edifício por 25 anos por R$ 18 milhões em duas parcelas. O Flamengo teve que fazer a desocupação, um processo que durou bem mais que o previsto. A conclusão do negócio se deu em 2013. Inicialmente, Alexandre Wrobel, vice de patrimônio, queria destinar o dinheiro para as obras do CT que estavam paradas, mas isso acabou não acontecendo. A verba foi investida em outro lugar.
Eike Batista queria construir um hotel quatro estrelas, com 454 quartos com o investimento de R$ 100 milhões. Com o atraso nas obras e por falta de segurança, o imóvel acabou sendo invadido por um grupo de 100 pessoas. Em 2015, o Flamengo conseguiu uma liminar para reintegração da posse do prédio e logo abriu uma licitação para vendê-lo.
Em 24 de junho de 2018, o Flamengo oficializou a venda para o grupo RJZ Cyrela por R$ 26 milhões e ainda se manteve como proprietário de 30% do empreendimento. Todo valor recebido foi destinado para construção do segundo módulo do Centro de Treinamento.
Já Mansão Fadel, popularmente conhecida como Mansão de São Conrado, foi inaugurada nos anos 60. O edifício passou a abrigar o elenco de futebol profissional do Flamengo e da Seleção Brasileira, que se concentrava antes de jogos decisivos. Em 1980, passou por algumas reformas e foi muito utilizado pela “Geração de Ouro” do Mais Querido de Zico, Junior e cia.
A sua utilização se deu até os anos 90 e ajudava o clube na contenção de gastos com diárias de hotéis. Com o passar do tempo, ficou inabitável. Em julho de 2015, o clube revelou sua intenção de vendê-lo. Um ano depois, Fundo Imobiliário Personale, que já tinha dois terrenos vizinhos, comprou a Mansão de São Conrado por R$ 7 milhões após aprovação do Conselho Deliberativo.
A EVOLUÇÃO DO CT DO FLAMENGO
A história do CT do Flamengo começa com a compra do terreno de 144 mil metros quadrados em Vargem por George Helal, então presidente. O valor pago foi de 300 milhões de cruzeiros. Pouco se fez nos anos seguintes. Em 90, Gilberto Cardoso Filho aterra o terreno. A ideia era construir quatro campos.
As coisas começaram andar em 2010. Na gestão de Patrícia Amorim, nove containeres foram colocados para iniciar uma estrutura provisória. Em outubro, o técnico Vanderlei Luxemburgo leva os treinos da equipe profissional para o Ninho e aposenta a Gávea. Nessa época, tudo era improvisado e até a imprensa sofria com a precariedade do local.
No dia 23 de maio de 2011, Patrícia Amorim lança a campanha do tijolinho. Já havia uma estrutura provisória com refeitório e alojamento. Pouca coisa andou até 2014, já na gestão de Eduardo Bandeira de Mello. Alexandre Wrobel foi mantido como vice de patrimônio, mas sem verbas, as obras foram paradas.
Em 2015, o clube fez algumas mudanças na estrutura provisória, criou o Centro de Excelência em Performance, o CEP FLA, mas pouca coisa andou nos módulos que estavam em construção. Só em 2016, após a venda da Mansão de São Conrado, é que a coisa andou. Em 13 de dezembro deste ano, a diretoria inaugurou o primeiro módulo. A estrutura conta com auditório, sala de reunião, sala do treinador, biblioteca, refeitório, sala de musculação, salas de fisiologia e nutrição, parque aquático, cozinha industrial, área de convivência, sala de jogos e alojamento com 24 suítes. O valor total da obra foi de R$ 15 milhões.
A diretoria não parou por aí. Com a venda do Morro da Viúva em 2018 para a Cyrela engenharia, o valor recebido de R$ 26 milhões foi todo investido na construção de um novo módulo. No dia 30 de novembro, em grande evento, o Flamengo inaugurou uma nova estrutura para o futebol profissional que conta com uma academia de 720 metros quadrados, vestiário para 39 atletas, restaurante, alojamento com 42 suítes, sendo 36 individuais, sala de jogos, dois auditórios, sala do treinador, sala de reunião, sala e antessala de imprensa, sala de patrocinadores, áreas de fisioterapia, fisiologia e nutrição, área de hidroterapia com 14 jacuzzis e uma piscina, departamento odontológico, sauna e área de lazer com churrasqueira. A inspiração foi o Centro de Treinamento de Cobham, do Chelsea.
Melhorias foram feitas ao longo dos anos como a conclusão do campo cinco e as construções de mais um campo e outro de grama sintética com dimensões oficiais. No fim de 2021, o clube também conseguiu concluir o sistema de iluminação, dando a possibilidade de se fazer treinos a noite. Não é absurdo afirmar que o clube conta hoje com um dos melhores CT’s da América Latina.
Para 2023, está prevista uma modernização no paisagismo, principalmente na entrada do CT. Para a base, a previsão é que sete campos sejam entregues até o fim do ano e um miniestádio de grama sintética com capacidade para duas mil pessoas. Três outros campos serão dedicados para o elenco profissional, totalizando 10. No dia 08 de fevereiro de 2022, foi inaugurada uma capela ecumênica em homenagem as 10 vitimas da tragédia do Ninho do Urubu, em 2019.
Ao longo dos anos, o clube tentou a construção de um estádio de pequeno porte na Gávea e busca uma definição para ter o seu estádio próprio. Desde 2018, o time manda seus jogos no Maracanã, num contrato de concessão junto com o Fluminense. Atualmente, a direção tem o desejo de participar do edital para administrar o equipamento por mais de 20 anos e busca um terreno que abrigue os mais de 100 mil torcedores em seus jogos, como já prometeu Rodolfo Landim em entrevista.
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