Rondinelli acredita que o Flamengo ‘foge’ das características ao utilizar três zagueiros
Caminhando calmamente pela orla da Praia do Forte, em Cabo Frio, cidade na Região dos Lagos no qual reside atualmente com os familiares, Rondinelli nem de longe lembra o zagueiro viril rubro-negro que era respeitado pelos adversários no passado. No entanto, algo vem deixando o ‘Deus da Raça’ preocupado. É o esquema com três zagueiros adotado por Vitor Pereira que deve mandar a campo no Fla–Flu deste sábado (01), às 20h30 (horário de Brasília), no Maracanã.
— Não está no DNA do Flamengo jogar dessa forma, com três zagueiros. Todos os treinadores que passaram pelo clube, não se atreveram a fazer isso. O time joga contando com a qualidade dos jogadores e empurrado por uma torcida apaixonada. Isso basta, e são suficientes para vencer qualquer adversário – contou ao Coluna do Fla, citando Onça, Luís Carlos e Jayme de Almeida como os melhores zagueiros com quem jogou.
Sobre a primeira partida da final entre Flamengo e Fluminense, Rondinelli não foge de dividida. Herói e autor do gol contra o Vasco que deu ao Mais Querido o título do Carioca de 1978, o ex-zagueiro espera que o primeiro jogo seja de muito equilíbrio e estudado. Porém, o ‘Deus da Raça’ acha que a fórmula para superar momentos decisivos como este é a garra, velho lema do clube.
— Enfrentar esse Fluminense bem treinado por Fernando Diniz, vai ser uma prova das mais difíceis até aqui no campeonato. Porém, o grupo deve fazer como na minha época, em que a gente entrava em campo e era contagiado pela Nação Rubro-Negra. Isso é o que os jogadores têm que fazer. Confio no título do Carioca. Entretanto, mais pela qualidade do elenco do que pelo ‘dedo’ do treinador – contou.
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E é esse dedo do treinador Vítor Pereira, tratado como “expert” em termos táticos e variações de jogo por David Luiz na chegada ao Flamengo, que completa quatros meses de trabalho neste sábado (1º). Nesse período, acumula a perda da Supercopa do Brasil, o terceiro lugar no Mundial de Clubes e o vice-campeonato da Recopa Sul-Americana em pleno Maracanã, diante de mais de 65 mil torcedores, há um mês. Contudo, para o eterno camisa 3 do Mais Querido, nada justifica o momento ruim.
— A verdade é que Vítor Pereira até agora não disse o que veio fazer no Brasil. Está tendo a oportunidade de mostrar trabalho em um grande clube como o Flamengo e tendo nas mãos um ‘senhor’ elenco de futebol. Perdeu três competições importantíssimas que não estava nos planos, e isso é muito ruim para ele, jogadores e torcedores rubro-negros. Mexe e escala mal. Para ser sincero, não me convenceu – complementou Rondinelli, em entrevista à Coluna do Fla.
Um Fla–Flu inesquecível? O ‘Deus da Raça’ cita aquele que até hoje é lembrado por Zico, que sempre fala com carinho sobre o zagueiro. Segundo o ‘Galinho de Quintino’, Rondinelli foi o único jogador que ele viu no futebol dividir a bola com a cabeça e evitar o gol de Rivellino. Por conta dessa raça e disposição, a torcida Rubro-Negra deu para ele o apelido de “Deus da Raça”.
— Foi contra a Máquina Tricolor montada por Francisco Horta e comandada pelo tricampeão do mundo Rivellino. Foi no Fla–Flu em que mergulhei aos pés dele para evitar um gol quase na pequena área. Três minutos depois do lance, ele teve uma reação de espanto e veio falar comigo que se forçasse o chute arrancaria minha cabeça fora. Virei para ele e falei que era melhor perder a cabeça do que deixar o Flamengo levar gol – revelou aos risos e contou que a partir desse lance ganhou o apelido de ‘Deus da Raça’ que o acompanha até hoje.
Rondinelli era foda! Meu ídolo era ele e não o Zico. Quando perguntam qual o jogador com mais cara de Flamengo, não resta dúvida, a resposta é sempre Rondinelli. Que zagueiro!
Deu sorte. Poderia ter saído seriamente machucado nesta disputa.