O jogo entre Flamengo e Atlético-MG na Arena MRV pode ser visto por diversos ângulos. Presente no estádio em Belo Horizonte, o Coluna do Fla traz uma visão dos repórteres envolvidos na partida de volta da final de Copa do Brasil. Desde demora no credenciamento da imprensa até o apagar das luzes, veja os bastidores do duelo que parou o país no último domingo (10).
Toda a saga começa com a chegada à arena ainda pela manhã. Sendo assim, tudo esteve sob os olhares do Coluna. Inclusive, a bagunça no acesso dos torcedores de Flamengo e Atlético-MG tomaram conta do pré-jogo. Além disso, relatos do comportamento do técnico Filipe Luís, da Nação Rubro-Negra eletrizante, do ódio atleticano e muito mais.
Como já é costume, a imprensa chega aos estádios em dias de jogos várias horas antes do apito inicial. Porém, os profissionais que marcaram presença na Arena MRV, nesse domingo (10), precisaram de uma ‘dose extra’ de paciência, uma vez que o credenciamento contou com grandes filas, com espera de mais de uma hora. A justificativa seria o cadastro da biometria facial, no entanto, até os jornalistas já cadastrados anteriormente enfrentaram o ‘perrengue’ e a demora, que se estendeu ao único elevador que levava à tribuna.
Depois de os primeiros torcedores entrarem na Arena MRV no primeiro instante da abertura dos portões às 13h (horário de Brasília), a confusão tomou conta. Isso porque, a demanda de flamenguistas e atleticanos para ver a final extrapolou a capacidade de organização. Dessa forma, cenas de vandalismo e violências foram vistas nos acessos do estádio.
Em alguns setores para a torcida do Atlético-MG, a segurança sofreu para tentar organizar. No entanto, a alta quantidade de pessoas para entrar no estádio mudou os planos. Desse modo, muitos torcedores adentraram à Arena MRV pulando catracas e sem apresentar os ingressos.
O mesmo aconteceu no setor visitante, dos rubro-negros. Cerca de oito catracas eram obrigadas a dar conta da entrada de 4 mil flamenguistas. Consequentemente, o tumulto tomou conta. Não à toa, a Polícia Militar de Minas Gerais precisou intervir e com truculência conseguiu acalmar os ânimos duas horas depois, já com a bola rolando no gramado.
Que a torcida do Flamengo é a maior do mundo, isso não é novidade. Mas é sempre bom exaltar as grandes festas realizadas pelos rubro-negros do ‘Oiapoque ao Chuí’. Na entrada do estádio mineiro, flamenguistas confraternizaram, beberam e se divertiram em uma rua fechada para os visitantes. A confiança no título se mostrava genuína a cada grito de “vamos, Flamengo” ou “Em dezembro de 81”, sentimento que funcionou como uma espécie de ‘presságio’.
Do público de 44.878 no estádio, 4 mil eram flamenguistas, que mesmo em menor número, conseguiram ‘calar’ os donos da casa. Com diversos cânticos, que perduraram até depois do confronto, os aficionados do Mais Querido deram um show nas arquibancadas. Como recompensa, puderam comemorar o primeiro título da história da Arena MRV.
Se a Nação rubro-negra exalava amor, a do Atlético-MG não tirava o ódio da boca. Ao som de “eu sempre te odiei, para sempre vou odiar, tomar no c*, Mengo”, os atleticanos prometiam clima hostil contra o Flamengo. Importante ressaltar que a mesma canção tem letra homofóbica, no trecho “tu és time de otário e c****, p***, v**** e ladrão, tomar no c*, Mengo”.
Após as ofensas gratuitas e lamentáveis, quando a bola rolou, a maioria de atleticanos presentes na Arena MRV passou a viver um sonho: o da busca da virada histórica em cima de um de seus maiores algozes. Com direito a mosaico e rolos de papel, os torcedores do Atlético-MG estavam animados. Gritos de “eu acredito” ditaram o ritmo dos primeiros 45 minutos, mas a falta de gols foi ‘murchando’ os torcedores, que após o golaço de Plata aos 82′, deixaram o local antes mesmo do arbitro decretar o fim do jogo.
Mais uma nota negativa: uma bomba arremessada de setor atleticano acertou o fotógrafo Nuremberg José Maria. Logo, o profissional fraturou três dedos do pé e também teve mais ferimentos no local. Ao que tudo indica, passará por cirurgia.
Inquietude do início ao fim. A postura de Filipe Luís no jogo decisivo da Copa do Brasil não foi diferente do que os torcedores rubro-negros já observam desde que o treinador assumiu o time principal. Isso porque, andando de um lado para o outro e gesticulando incansavelmente, o técnico do Flamengo se comunicou bastante com os jogadores, em especial com o capitão do time Gerson. Além do ‘Coringa’, o lateral direito Wesley também recebeu instruções do treinador à beira do gramado em mais de uma oportunidade.
A vantagem de 3 a 1 conseguida no Maracanã deu uma tranquilidade tremenda ao Flamengo na Arena MRV. Desse modo, o Rubro-Negro de Filipe Luís controlou o confronto em quase todo o tempo. O jogo teve doses de chegadas firmes. Um Fla que apostava em contra-ataques e o Atlético-MG desesperado por gols. No fim das contas, Gonzalo Plata passou a ser Gonzalo “Oro” ao tocar de cavadinha aos 37 minutos do segundo tempo para fazer 1 a 0 em Belo Horizonte e 4 a 1 no agregado. Resultado? Mengo pentacampeão e festa no gramado.
Com o título garantido, o Flamengo seguiu no gramado da Arena MRV, mas já com a guarda abaixada e em relacionamento sério junto ao troféu da Copa do Brasil. Filipe Luís revelou amores pelo elenco, Alcaraz deixou a timidez de lado, Bruno Henrique feliz da vida na terra natal, Pedro voltando a pisar num campo de jogo em meio à lesão e tudo o que uma festa pós-título tem direito.
Alguns poucos torcedores do Atlético-MG seguiram no estádio para ver o primeiro campeão na história da Arena MRV. Contudo, esses alvinegros tentaram invadir o gramado e a festa do campeão Flamengo. Arremessos de cadeiras, de bombas e outros objetos tomaram conta do clima de guerra. A Polícia Militar, novamente, precisou agir e disparou balas de borracha para conter os ‘esquentadinhos’.
Após o apito final, a zona mista contou com a fala de diversos jogadores, como Fabrício Bruno, Gerson, Léo Pereira, Alcaraz e Carlinhos. Desse modo, a imprensa pôde ouvir a opinião dos atletas, que entre a comemorações e brincadeiras, também passaram o ponto de vista sobre o jogo, opinaram a respeito do treinador Filipe Luís, lamentaram a iminente saída de Gabigol para o Cruzeiro e fizeram autoanálises.
Logo depois da zona mista, foi a vez das coletivas de imprensa. Primeiramente, o treinador do Atlético-MG Gabriel Milito fez as considerações sobre a partida. Na sequência, foi a vez de Filipe Luís falar com os jornalistas. Entre as perguntas, os jogadores fizeram uma visita surpresa ao jovem treinador, e o ‘presentearam’ com um banho de bebidas e gelo.
Depois de confusão, bala de borracha, festa, volta olímpica, correria, tentativa de invasão, entrevistas e muito mais, o fim do segundo e decisivo jogo da final de Copa do Brasil chegou. Com torcedores rubro-negros em êxtase em meio à muita bagunça, o Flamengo iniciou a viagem de volta para o Rio de Janeiro. Enquanto isso, o Coluna do Fla ‘passou a régua’ na cobertura insana do quinto título do Mengão na competição de mata-mata.
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