Mais coragem, Muricy!

Antes de qualquer coisa, trata-se sim de uma coluna com criticas ao atual treinador, mas não em relação a sua capacidade técnica, e sim em sua maneira de agir com determinados jogadores. Acredito muito que o Flamengo alcançará grandes conquistas com Muricy Ramalho, e que o treinador foi a melhor contratação do clube no ano, mas esses fatores não o deixa imune às criticas.

O time ainda não está jogando um futebol competitivo, mas a evolução fica evidente. Uma evolução que poderá ser rápida ou lenta, depende de quando Muricy Ramalho vai parar de querer agradar alguns jogadores em detrimento dessa evolução. Estamos diante de um Muricy renovado, com boas idéias, mas também é necessário um pouco do antigo Muricy, aquele que tinha uma personalidade forte e que era capaz de barrar qualquer jogador que não correspondesse. O fato é que o atual técnico vem praticando uma política de boa vizinha, pois está mais do que nítido que alguns jogadores não merecem os status e privilégios que hoje desfrutam. Está sim faltando coragem e personalidade ao treinador para tomar algumas decisões extremas.

O fator “ser melhor” ou “está melhor” não vem sendo respeitado para as escalações da equipe. Começando pelo gol, Paulo Victor não merecia ter tido a primeira oportunidade de uma sequência na temporada, primeiro por vir de uma temporada ruim tecnicamente, e segundo por hoje ter no elenco um goleiro que foi um dos melhores no Brasileiro do ano passado. Alguém dúvida que os anos de clube de Paulo Victor pesaram nessa decisão?

Outro que vem sendo agraciado pela política do treinador é Wallace. O zagueiro atravessa uma fase técnica péssima, além de está desgastado com a torcida por conta de declarações e atitudes infelizes, mas nada disso é o suficiente para sua ida para o banco de reservas. Com Wallace o agravante ainda é maior pelo fato dele ser o capitão do time. Alguém dúvida que os 3 anos de titular da equipe pesaram nessa decisão?

Mas o caso mais notório é de Emerson Sheik, um jogador que passa por um grande declínio técnico e físico na carreira, oque é super normal por se tratar de um jogador com uma idade avançada. Emerson tem seus méritos por ter um preparo físico que muitos jogadores não teriam com a idade de 37 anos, mas algo que não o credência a ser titular de um time como o Flamengo. Já virou rotina vermos o jogador em questão cavar inúmeras faltas no segundo tempo, deixando claro que o jogador já está começando à jogar com a “malandragem” para esconder seu declínio físico, pois não consegue mais acompanhar o ritmo do jogo. Se não bastasse ser colocado como titular, Muricy costuma deixar o camisa 11 jogar todos os minutos da partida, oque é inviável dentro de um futebol moderno e que exige muito dos jogadores de lado de campo. Além da parte física, fica nítido que Emerson não está no mesmo nível técnico e tático dos demais jogadores, as jogadas que passam pelo jogador são lentas e de pouco raciocínio, muitas vezes aparentando jogar de forma irresponsável, sem nenhum comprometimento tático. Será que alguém dúvida que o fato de Emerson ser um jogador vitorioso na carreira e identificado com o clube pesaram nessa decisão?

Mas essa filosofia errada já vem de muito tempo atrás. O Flamengo é o único clube do Brasil que um jogador é capaz de jogar unicamente pelo nome. Para confirmarmos essa tese é só voltarmos alguns anos e buscarmos dois exemplos, os ex-jogadores Léo Moura e Renato Abreu. O nome fez Léo Moura jogar seus últimos anos pelo clube praticando um futebol totalmente burocrático, e sem nunca ter sua titularidade questionada por nenhum treinador. O mesmo fator fez Renato Abreu ter sido titular em sua segunda passagem pelo clube, quando na verdade não passava apenas de um jogador que se limitava à tocar a bola para os lados do campo.

Esse tipo de politicagem é retrograda, e que outros clubes grandes não mais adotam. No futebol paulista por exemplo, Elano do Santos e Danilo do Corinthians, são reservas de seus clubes, mesmo tendo conquistado dois Brasileiros e uma Libertadores por seus clubes atuais (Danilo também tem um Mundial). Um grande exemplo internacional está no fato do meia-atacante Totti está à quatro anos como um reserva de luxo da Roma, clube na qual é considerado o maior ídolo da sua historia.

Enfim, o fato é que o futebol moderno não perdoa simbolismos e folclores, e que nenhum jogador está acima do clube. Se Muricy quer seguir o caminho das conquistas, terá que ter muito mais personalidade e coragem do que vem apresentando no momento, ou seja, um pouco mais do antigo Muricy.

Rodrigo Ferreira. Somos Loucos e Fanáticos.

rodrigo.ferreira@colunadofla.com