Com a proximidade de fim de ano, a diretoria rubro-negra convive com um pesadelo já esperado e temido desde o início da temporada: a dificuldade financeira. Depois de encontrar um clube com previsão de déficit anual de R$ 124 milhões e reduzi-lo para R$ 40 milhões até agosto, a falta de recursos começa a aparecer com contornos de maior dramaticidade. E tem resultados práticos, como o atraso em dois meses dos direitos de imagem do elenco de jogadores. Há 20 dias, o clube sofreu mais um golpe da ação do Consórcio Plaza e agiu de novo no campo jurídico para se equilibrar.
No início de agosto, a Justiça avaliou que o Consórcio tem razão em uma das ações ao cobrar cerca de R$ 60 milhões do clube. O departamento jurídico, então, entrou com um pedido de embargo de declaração, um instrumento jurídico com a finalidade de requisitar ao juiz a análise do assunto para que sejam eliminadas quaisquer obscuridades e contradições.
Neste caso, a penhora foi evitada e o caso ainda não foi julgado. Mas há vinte dias uma outra ação do mesmo assunto deu, mais uma vez, ganho de causa ao Consórcio e tinha como objetivo liberar as penhoras para a quitação da dívida. Coube ao departamento jurídico do Flamengo entrar com um mandado de segurança para impedir que o clube tivesse rendas como patrocínios e bilheteria abocanhados. Por enquanto, a penhora não está ativa.
Em sua defesa, o Flamengo argumenta que a verba de R$ 5 milhões em troca de um shopping na Gávea, que não teve autorização para sair do papel, foi uma doação. O Consórcio, por sua vez, cobra quase R$ 60 milhões com correção monetária e juros, já que a negociação ocorreu em 1995. Além do Consórcio Plaza, o clube sofre outro processo, este da empresa Segil Segurança e Vigilância. A causa é considerada praticamente perdida e o valor, não revelado, gira entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. A informação sobre a vitória do Consórcio nos tribunais chegou aos bastidores da Gávea como um balde de água fria no início desta semana. A previsão é de que as dificuldades sejam ainda mais acirradas em outubro.
Mensalmente, o Flamengo gasta cerca de R$ 15 milhões – R$ 8 milhões com a folha salarial de todo seus funcionários, incluído aí o departamento de futebol, mais R$ 7 milhões com dívidas, em acordos como o realizado com a Fazenda Nacional e que possibilitaram a obtenção das Certidões Negativas de Débito CNDs). Como consequência, o clube conseguiu firmar contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal em valor de R$ 25 milhões por um ano. A segunda parcela do acordo, de R$ 6,25 milhões, foi quitada nesta semana, informou o clube.
Fonte: ESPN