Pelos 3 a 2 no apito final é possível imaginar um clássico equilibrado na volta ao Maracanã, com times alternando períodos de domínio e vitória definida em um detalhe.
Engano. O Flamengo controlou o jogo desde o início e seguiu dominando mesmo após a falha grotesca do zagueiro Wallace e o gol de Sóbis que abriu o placar.
A equipe de Mano Menezes foi simples e prática para se impor sobre o Fluminense: marcação avançada forçando as ligações diretas do oponente para um ataque que perdeu velocidade sem Wellington Nem.
Com a bola, força pela direita para cima de Carlinhos, que inexiste defensivamente e não contou com a ajuda de Eduardo, escalado à esquerda para liberar Felipe na articulação no 4-3-1-2 de Vanderlei Luxemburgo. Léo Moura, Elias e Gabriel sobravam no setor com tabelas, ultrapassagens e jogadas individuais.
Como a do lateral veterano sobre Eduardo, com direito a bola entre as pernas, no gol de letra de Hernane. O segundo, da virada, já que Elias, novamente o melhor do Fla, empatou em contragolpe que o tricolor cedeu, mesmo com vantagem no placar.
O Fla de Mano foi organizado na ocupação dos espaços e no trabalho coletivo. Sem a bola, todos colaborando na pressão e na recomposição, quase sempre dobrando a marcação pelos lados. Na transição ofensiva, o meio-campo ganhou técnica com Luiz Antonio mais plantado e o estreante André Santos pela esquerda, alinhado a Elias no 4-3-3/4-1-4-1 rubro-negro.
No segundo tempo, o domínio se concretizou com intensa movimentação dos meias e também dos ponteiros Gabriel e Nixon, depois Paulinho. Em nenhum momento o Flamengo foi acuado ou rifou a bola.
Com trocas de passes bem articuladas e levando vantagem também pela esquerda, seguiu empilhando chances até Hernane, o “Brocador”, aproveitar furada de Fred e confusão na área para definir o clássico. O centroavante tosco, mas em time ajustado, pode decidir. Até o melhor nove do país é capaz de errar feio na equipe lenta e descoordenada.
Nem as trocas de Eduardo, Felipe e Leandro Euzébio por Wagner, Kenedy e Diguinho – com Edinho novamente improvisado na zaga – deram dinamismo e contundência ao campeão brasileiro que segue na descendente. Troca no comando e salários atrasados contribuem para as oscilações.
O chute de Sóbis que Felipe aceitou no último lance serviu apenas para mascarar o resultado de um duelo que poderia tranquilamente ter terminado em goleada. Mesmo com 44% de posse de bola, foram 18 finalizações do Fla contra nove. Muito por conta dos 22 desarmes certos contra apenas oito do Flu.
Placar “mentiroso” na melhor atuação coletiva do Flamengo de Mano Menezes no Brasileiro, superior até à dos 3 a 0 sobre o Atlético-MG em Brasília. Aos poucos, o treinador vai minimizando as limitações técnicas, apesar de ainda errar muitos passes – foram 33 no Fla-Flu. A entrada de Chicão deve tornar a zaga menos rápida, porém qualificada e experiente.
Com mais regularidade, é time para brigar na metade de cima da tabela.
Fonte: Blog de Olho Tático