A vitória sobre o Grêmio no meio da semana, foi uma prova de fogo para Mauricio Barbieri. Mas, certamente, não será determinante para decidir o seu futuro. O jovem treinador terá pela frente uma sequência pesada de desafios: a semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians o jogo de volta contra o Cruzeiro na Libertadores são os próximos. O desempenho do Flamengo no segundo turno do Brasileirão, será o mais longo.
Barbieri, aos 36 anos, saltou de um simples auxiliar da comissão técnica permanente da Gávea ao comando do time de um clube que ainda busca no campo resultados à altura dos que tem alcançado fora dele, com uma gestão responsável e saneadora. É isso só aumenta a pressão sobre ele. O técnico conquistou no respeito do elenco, alguns jogadores mais velhos do que ele, e de boa parte da mídia e da torcida. Mas bastaram dois resultados ruins, antes da última quarta-feira, para que um trabalho que vinha sendo elogiado de forma quase unânime passasse a ser questionado por corneteiros sempre de plantão, ainda que com argumentos não assim tão convincentes.
Bobagem voltar à discussão de que essa é a rotina do futebol brasileiro. Razão, por aqui, sempre foi atropelada pela emoção. Ou o amadorismo da cartolagem. Os fatos falam por si. A passagem 2017 para 2018 parecia consolidar uma inédita renovação no elenco de treinadores no país. O ano passado terminou com Fabio Carille campeão brasileiro com o Corinthians e Zé Ricardo em alta, classificando o Vasco para a Libertadores com todas as limitações do time. Jair Ventura, ainda que desgastado no Botafogo, foi levado à Vila Belmiro com a missão de renovar o Santos. Parecia um salto na carreira. E Roger Machado, sempre desejado, voltou à cena no comando do Palmeiras, após um período sabático.
Bastou um semestre para que todos esses projetos se desmantelassem. Hoje, como se sabe, não sobrou um único expoente dessa nova geração para contar a história. Carille é uma meia exceção: se deu-se bem financeiramente com os dólares das arábias, mergulhou no marasmo técnico e no ostracismo profissional inerente a uma mudança desse tipo. Quanto aos outros, Zé tenta reconstruir-se e reconstruir o Botafogo, Jair e Roger caíram num limbo que não mereciam, demitidos antes que a temporada chegasse à metade.
O que menos importou nessa grande reviravolta foi a condição técnica desses novos profissionais. A máxima de que futebol vive de resultados em nenhum outro lugar é levada tão a cabo como no Brasil. Com um agravante importante: o imediatismo com que esses resultados têm de ser alcançados – Jorginho foi demitido com apenas 10 partidas no Vasco, sob o pretexto de o time não estar evoluindo – torna ainda mais instável a vida de treinador por aqui. Principalmente das jovens promessas.
Como num passe de mágica a velha guarda foi resgatada no exílio. O exemplo do Flamengo, que queimou-se com Carpegiani, foi só o primeiro, não desencorajou outras investidas do gênero nos grandes de Rio e São Paulo. Cuca, Felipão, Marcelo Oliveira – até em Luxemburgo já se voltou a falar. – ocupam de novo o espaço que haviam perdido.
Barbieri, assim como Osmar Loss no Corinthians, tornou-se exceção. A dupla resiste, desviando-se do fogo cruzado a cada jogo em que três pontos não são conquistados. Como a geração 2017 os dois estão tendo um batismo de fogo. Até quando vão durar? Só a cartolagem e suas idiossincrasias – no caso do Flamengo, vale lembrar, corre um ano eleitoral – têm o poder de decidir. Acima do talento de cada um.
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