Dívidas, falta de dinheiro para fazer grandes contratações, atraso nos salários, penhoras que tomam o dinheiro novo que entra nos cofres complicam a situação financeiras. A nova gestão se assustou com os problemas e somente nos próximos meses vai tomar conhecimento da real condição do clube. A ideia foi colocada em prática e uma auditoria já foi contratada para abrir a caixa-preta.
Mas alguns casos chamam atenção e causaram espanto à diretoria que assumiu o clube. A Gávea tem cerca de 700 funcionários, número muito elevado pela demanda da sede. Demissões já foram a ser realizadas.
Alguns funcionários que foram demitidos no fim da gestão Patricia Amorim tiveram pouco tempo para comemorar os cheques recebidos no momento do desligamento, pois eles não tinham fundos. Cheques emitidos para pagamentos diversos na última semana de dezembro, alguns deles de alto valor, também foram devolvidos na quarta-feira, primeiro dia útil do ano. O departamento financeiro vai passar por reformulação, e pelo menos dois funcionários que trabalhavam com Michel Levy, ex-vice de finanças do clube, serão demitidos nos próximos dias. Em meio ao momento complicado, o clube esperava um depósito de antecipação de direitos para o último dia 31, mas ele não aconteceu.
Com os adiantamentos e as luvas do contrato de transmissão de jogos feitos por Patricia Amorim, o Flamengo já comprometeu mais de 90% dos seus recursos dessa natureza, restando cerca de R$ 8 milhões dessa verba para 2013.
No exercício de 2010, as contas foram aprovadas com ressalvas. Os números de 2012 ainda estão em aberto, mas houve problemas no primeiro semestre, quando a diretoria não emitiu nenhum dos balancetes trimestrais e teve de ser feito, por ordem do Conselho Fiscal, um balanço semestral extraordinário para que os conselheiros pudessem verificar as contas. Os salários dos jogadores estão atrasados. E isso foi tema do bate-papo entre a nova diretoria e o elenco logo no primeiro dia de contato, na quinta-feira.
Marketing
Com a chegada de Bap, o clube também espera fechar três patrocinadores para a camisa. No planejamento, haverá três cotas disponíveis a R$ 15 milhões. Os patrocinadores passarão por um revezamento quadrimestral de exposição da marca em três locais diferentes do uniforme: ombro, peito e manga. A sugestão inicial do Flamengo é que as empresas assinem contratos por três anos, totalizando R$ 45 milhões por cada uma.
Wallim Vasconcellos justifica falta de reforços
O vice de futebol avisou que o clube só poderá ter nomes de peso a partir da Copa do Brasil e do Brasileirão. Segundo ele, “três ou quatro atletas” chegarão durante o primeiro turno do Estadual, mas apenas por empréstimo. O dirigente descartou entrar em leilões e anunciou que o Rubro-Negro está fora das tratativas para contratar Nenê, Vargas, Conca e Jorge Henrique, últimas sondagens do Fla. Wallim elegeu o maior vilão do Flamengo no momento: as penhoras. Sendo assim, o plano da nova diretoria é enxugar as despesas e canalizar o investimento em um primeiro momento para o futebol.
– Vamos reverter isso, o presidente está empenhado com o (departamento) financeiro para saber o tamanho da dívida, renegociar. Vamos ter dinheiro em caixa com patrocínio da Adidas, com patrocinadores, ações de marketing. Os jogadores não têm culpa. Nós, teoricamente, não temos culpa, mas vamos ter de matar essa bola no peito. Pedimos um pouco de paciência para eles. O que falamos é que agora começou um novo Flamengo e não teremos atraso de salários. Vamos resolver, e acredito que tenham entendido. O que pedimos é o esforço deles, isso vai nos ajudar a trazer receita para o clube – explicou o vice de futebol.
O Flamengo teve R$ 27 milhões penhorados pela Justiça nos últimos meses por conta de execuções de antigas dívidas com a União, como recolhimento de imposto de renda e contribuição previdenciária do período 2007-08-09.