A vitória do Mengão e a volta ao G4 não foram as únicas boas novas de quinta. Um dos símbolos soterrados pela reforma criminosa do Maracanã voltou a dar o ar de sua graça: o véu de noiva. No tormento daquele luto pela demolição do antigo coliseu e a indignação que dele partiu (mas não só dele) os indigníssimos concessionários haviam concedido apenas o retorno de um suposto véu de noiva.
A substituição, que a Suderj não informou, daquela rede quadrada e sem graça incapaz de acolher a bola por aquela outra triangular (só um futebol de poucos gols pra apreciar uma rede que mais parece uma gaiola; bola não se prende, se penteia) não poderia enganar o apaixonado e platônico torcedor: aquele cortinado ainda não era aquele. A bola não estufava a rede, o pudor do presunçoso véu não alcançava o rosto da noiva, não ousava o gesto que a uma só vez arrebata e acaricia. E condenava o gol a uma fria distância. Era duro como a viseira de um capacete.
Quinta, quando ninguém esperava, o véu, lascivamente pendente, estava a nos esperar. Só mesmo a irredutível festa da maior e mais querida torcida, com a alegria de um retorno ao topo do futebol nacional, para restituir a perda. Lá estava o véu, como uma curva de Niemeyer.
Ao contrário do que se tem ouvido, o resultado não foi 2 a 0 coisíssima nenhuma. Não… Por mais bonita que tenha sido a jogada, aquele chute torto e desviado de Alan Patrick não poderia valer, não poderia consagrar o reencontro. Há os que dizem, desencantados, que não existe gol feio, “feio é não fazer gol”. Mas a noiva não liga para pragmatismos. Ela responde com a voz rouca e arrastada de Nelson Rodrigues: “se os números provam o contrário, pior para os números”. E a bola saiu rejeitada, rolando triste para fora do gol.
Foi preciso a pintura pelo pé direito de Luiz Antonio, o chute que desenhou um arco cadente de estrelas para iluminar o rosto da noiva. A rede estufada, a bola ao ar imóvel em sua polpa, num sopro infinito e silencioso como o instante que precede o retumbante brado de gol.
O ritual de encontro estava selado. A noiva, desvelada, adormece a bola em seu seio como um beijo: repouso da glória.
https://www.youtube.com/watch?v=1uov46fbzOg
Ciro Oiticica
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Cara eu sou fã desse estilo de rede tentaram fazer um véu parecido mais não era a mesma coisa mais felizmente a nostalgia estava lá quinta feira logo me lembrei dos tempos de zico fazendo gol naquele tipo de rede o mais apaixonante que acho no véu de noiva é o momento que ela estufa e pra quem fica perto do gol o som que faz e o mais principal ver o goleiro adversario ir pegar a bola no fundo do gol espero que continue o formato exatamente como estava quinta feira por que essa é uma das caracteristicas principais do estadio que tinha se perdido no New Maraca pra muita gente isso não significa nada mais para nós flamenguistas o verdadeiro véu de noiva é importantissimo para o maracanã
Mas os 2 GOLS de quarta a BOLA não ficou dentro do gol não.
Eu gosto do modelo usado usado na copa,e tem um modelo usado no campeonato ingles que é show.Esse vel de noiva de quinta feira,também ficou bonito,porém os gomos da rede tem que ser ou em forma de exagono ou quadrado em escala pequena,este usado é em losango triangulo sei lá…mas não cai muito bem…enfim,ainda bem que estão melhorando,pq aquela que estava era ridicula parecia uma rede de pesca enjambrada.
Acho que tu quer dizer como estava entre 2006 e 2009 em que o ' véu é um pouco mais leve e mole ' estufa mais e é mais discreta procura os vídeos desse período pra vc ver acho que é isso que tu quer dizer
Pena que ninguém elogiou o texto pois ele me fez recordar o Nelson Rodrigues quando falava de futebol.
Simplesmente sensacional caro Ciro Oiticica.
Faço votos que vc escreva mais com esta categoria difícil de.encontrarmos hoje em dia.
É verdade João, o cara é um poeta!!!
Nada mais lindo do que o golaço de Luiz Antonio para demostrar como é lindo a rede balançar no maraca, deveria ser proibido trocar o véu de noiva só porque os gringos querem que troquem, isso tira a magia do golaço que é genuinamente brasileiro.
Preciso Quadrada fundo tipo moderno igual a rede e dimensões das redes do Pacaembu.
Ou seja nao é quadrada rasa igual o mané garrincha..
É quadrada funda, ou seja depois que passa da linha do gol da tempo da galera gritar antes mesmo que a bola toque no fundo da rede.
Lógico min refiro a décimos de segundos…
A da Arena da Baixada tbm era assim!!!!