Apesar da pouca experiência na área esportiva, o time de executivos que assumiu a diretoria do Flamengo no início deste ano sabe bem os modelos a serem copiados para devolver os melhores dias ao clube da Gávea. Buscando reestruturar e levantar o clube, os novos dirigentes rubro-negros se inspiram no livro de um ex-vice presidente do Barcelona para se tornar uma potência em alguns anos.
A obra “A bola não entra por acaso”, do barcelonista Ferrán Soriano, dirigente do clube da Catalunha entre 2003 e 2008, se tornou uma espécie de manual de gestão e livro de cabeceira dos dirigentes que irão comandar o Flamengo até o final de 2015.
Cumprindo à risca os princípios básicos do livro, o time de executivos espera que o Flamengo repita a trajetótia do Corinthians, que em um espaço de cinco anos superou o rebaixamento e se tornou campeão mundial de clubes. Mário Gobbi, presidente do time paulista, usou o mesmo “manual de cabeceira”, bem como Andrés Sanchéz, então mandatário corintiano, que buscou consultoria com Ferrán Soriano.
No Flamengo, a ideia partiu de Carlos Langoni. O ex-presidente do Banco Central será o responsável pela reestruturação e renegociação da imensa dívida rubro-negra e buscou na obra do dirigente catalão inspiração para minimizar os prejuízos nos combalidos cofres e estabelecer um fluxo de caixa capaz de montar grandes times e projetos esportivos.
Em seguida, praticamente todos os dirigentes que participaram da campanha do presidente eleito Eduardo Bandeira de Mello seguiram o mesmo caminho. A leitura de “A bola não entra por acaso” se tornou quase que obrigatória entre os vice presidentes e algumas filosofias já puderam ser percebidas nas decisões tomadas neste início de mandato.
Em primeiro lugar, antes de qualquer medida oficial de contratação ou dispensas, a nova diretoria se preocupou em colocar os salários em dia, o que foi feito na última quarta-feira. Antes disso, os novos comandantes rubro-negros já davam sinais de uma mudança de mentalidade ao negociarem reforços para o time de futebol. Robinho, por exemplo, foi prontamente rechaçado por conta dos altos valores.
“Não podemos fazer loucuras. Só contrataremos jogadores que o clube tenha condição de pagar. Teremos responsabilidade em tudo. É uma nova época”, decretou Paulo Pelaipe, diretor de futebol, na época da negociação para explicar a nova mentalidade rubro-negra.
E o Flamengo pretende avançar ainda mais nas ideias do livro que conta a retomada do Barcelona na última década. Além da consolidação de um fluxo de caixa necessário para investir no futebol, os rubro-negros querem investir nas ações de marketing – muito criticadas ultimamente – e fidelizar um programa de venda de pacotes de ingressos facilitados aos associados.
Modelo também na Europa
E os clubes brasileiros não são os únicos que têm procurado seguir a cartilha de Ferrán Soriano. O Manchester City, da Inglaterra, também buscou seguir os exemplos do Barcelona e contratou o ex-dirigente do Barcelona para reverter em título e prestígio os milhões de euros despejados pelo xeque árabe Mansour bin Zayed Al Nahyan.