Postado em: 28 de fev de 2013.
Apesar de o edital de licitação e o contrato do Complexo do Maracanã reiterarem que o equipamento ‘deverá atender à vocação do estádio como o Templo Mundial do Futebol’, nenhuma linha dos documentos deixa claro se a concessionária vencedora do processo terá de garantir que o calendário de eventos a ser definido terá que, obrigatoriamente, respeitar datas estabelecidas para jogos importantes dos grandes clubes do Rio. Com essa omissão, o gestor do Complexo do Maracanã – que será responsável pela administração por 35 anos – poderá preterir uma final de campeonato a um show musical se entender que a segunda opção é mais rentável ou mais atraente. – O principal objetivo de qualquer empresa é o lucro. Se for mais lucrativo fazer shows do que jogos de futebol, dificilmente o futebol será prioridade. A cláusula sobre priorização não significa obrigação, não é terminativa, tampouco obrigatória – disse o advogado Pedro Trengrouse, especialista em direito esportivo. Pela redação do contrato, caberá aos clubes negociarem algum tipo de ressarcimento ou proteção das datas no caso de serem preteridos por um show, como fez o Cruzeiro no Mineirão. Se a Minas Arena desmarcar algum jogo da Raposa, o clube será ressarcido em R$ 2,5 milhões. Em um dos anexos do edital, o governo do Rio estipula como ‘padrão ideal’ que o concessionário realize um mínimo de 40 jogos de futebol e dois shows por ano. Esses números, contudo, poderão ser ajustados. Caso esse patamar não seja atingido, o gestor paga uma multa. Procurada, a assessoria da Casa Civil limitou-se a informar que o contrato demonstra que o uso principal do estádio deve ser a realização de partidas de futebol. As propostas para a administração serão validadas pela Comissão de Licitação no dia 11 de abril. Shows que interferiram no futebol O show da banda de rock canadense Rush, um dia antes de jogo válido pela quartas de final do Brasileiro, entre Fluminense e São Caetano, provocou muita reclamação da diretoria do Flu sobre o estado do gramado. Por causa do show da banda de rock Iron Maiden, o São Paulo decidiu mandar o clássico contra o Corinthians, pelo Campeonato Paulista, na Arena Barueri. O goleiro Rogério Ceni, ídolo da torcida do Tricolor paulista, fez seu 100 gol longe de casa. O Botafogo teve que mandar seu jogo contra o Bahia, pelo Campeonato Brasileiro, em São Januário, estádio do rival Vasco. Dois dias antes, aconteceu no Engenhão o segundo show do cantor teen Justin Bieber. A alegação foi de que não haveria tempo hábil para desmontar o palco. Por causa da turnê da popstar Lady Gaga, o São Paulo abriu mão de mandar jogos no seu estádio novamente, dessa vez nas quartas de final da Copa Sul-Americana do ano passado, quando a partida contra o Universidad de Chile foi transferida para o Pacaembu. Em dezembro, a situação voltou a se repetir, com a transferência do clássico contra o Corinthians também para o Pacaembu por causa de um show da turnê da cantora Madonna. Com a palavra, André Lazaroni, novo secretário de esportes e lazer do rio. ‘A concessão será o melhor caminho’ O edital foi lançado agora, ainda não tomei conhecimento de seu inteiro teor. Confio muito no trabalho do Régis Fichtner (secretário da Casa Civil). Tenho certeza de que foi bem preparado, mas estarei mais bem informado sobre o tema apenas na próxima semana. Conversei muito com o governador Sérgio Cabral sobre a concessão do Complexo do Maracanã e entendo que ceder à iniciativa privada é um bom caminho, tendo em vista a importância do equipamento para o estado e para o conforto do cidadão. Não usaremos recursos na manutenção. Apesar de não termos problemas financeiros, temos de pensar a longo prazo. Para a população do Rio, a concessão do Maracanã será o melhor caminho.
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