Os planos ambiciosos da nova diretoria do Flamengo incluem uma pré-temporada no exterior em 2014, em nome de dinheiro e internacionalização, e não o Campeonato Carioca. O vice-presidente de futebol Wallim Vasconcellos admitiu que o clube recorrerá às suas categorias de base para cumprir os compromissos estaduais que sejam empecilhos para o projeto traçado para o próximo ano.
“Já recebemos convites para fazer pré-temporada nos Estados Unidos, na Ásia e no Oriente Médio e vamos aceitar um deles, custe o que custar. Não posso perder isso. É uma questão de receita, de exposição da marca do Flamengo. A nossa pré-temporada será feita fora do Brasil. Lamento pelo Campeonato Carioca”, disse Wallim.
Segundo o dirigente, já existia a intenção de desprestigiar o Estadual nesta temporada. O técnico Dorival Júnior, substituído por Jorginho recentemente, havia sido contrário à estratégia. “Falei para o Dorival que ele poderia ter colocado o time de juniores no princípio do campeonato. A opção de escalar os profissionais foi dele”, contou.
Wallim não gostaria nem de esperar 2014 chegar para apresentar o Flamengo no exterior. A ideia para 2013 era disputar os tradicionais torneios que clubes europeus promovem no início do segundo semestre, quando estão em pré-temporada. “Poderíamos ir durante a Copa das Confederações. O problema é o Campeonato Brasileiro, o nosso calendário, que nos impede. Receberíamos cotas altíssimas para jogar lá, de até € 700 mil (R$ 1,8 milhão) por jogo. Como vou fazer? Isso é um dilema!”, reclamou.
O vice-presidente de futebol rubro-negro apontou o calendário do futebol nacional como um dos entraves para elevar o faturamento do Flamengo. O clube que tem a maior torcida do Brasil passou a sofrer com a baixa presença de públicos nos estádios – do Rio de Janeiro, e não de países longínquos do exterior, onde pretende atuar com mais frequência.
“O Flamengo teve o pior número de torcida de sua vida contra o Resende. Foram 1.400 pessoas! Eu nunca tinha visto algo assim. Os torcedores que estavam no estádio até se conheciam. Como o nível técnico do Campeonato Carioca é ruim, o cara não vai ao jogo mesmo. Ninguém quer gastar dinheiro com um mau espetáculo, sem condições de receber público. Precisamos resolver isso”, discursou Wallim.
Aproximar os torcedores do time é um trunfo primordial da nova diretoria para fazer o Fla crescer. O clube quer angariar novos sócios e consumidores – a exemplo do que o departamento de marketing do Corinthians tem promovido com sucesso nos últimos anos. “Mais do que nunca, o Flamengo precisa de sua torcida. Se ela entrar em campo, a terra vai tremer e certamente seremos um dos times mais ricos do mundo”, previu, alimentando a concorrência com outro time de massa. “O Corinthians é maior do que nós em que sentido? Eles só fizeram um grande trabalho, que estamos tentando implementar no Flamengo.”
Wallim assegurou ainda que a nova presidência do Flamengo já começou a colher frutos. “Nosso CT está sendo reformado com os apoios da Ambev e da Prefeitura do Rio de Janeiro. Além disso, a Gávea servirá para a Holanda treinar na Copa do Mundo de 2014. No marketing, temos um dos cinco maiores contratos da Adidas no planeta. A nossa camisa será a de maior valor do Brasil. Mais para a frente, reforçaremos o elenco com cinco ou seis jogadores para o Campeonato Brasileiro. Já fizemos muito em três meses de trabalho. Agora que cortamos custos, vamos passar à obtenção de receitas”, vislumbrou o vice-presidente de futebol.
Fonte: Gazeta