A firmeza nas palavras e a audácia nos projetos deixa claro: Luiz Eduardo Baptista, o Bap, é “o cara” da nova gestão do Flamengo. Enquanto os torcedores se mostram aflitos com os resultados ruins em campo e clamam por um time melhor, uma coisa está evidente no discurso da diretoria: o foco em 2013 está bem distante do campo. Nas entrelinhas, a verdade é que o Rubro-Negro trabalha por conquistas em termos estruturais antes de pensar em levantar troféus.
Bap é um caso raro de quem admite isso publicamente. A partir da virada do ano, no entanto, as ambições são igualmente monstruosas. E resultados em campo estão diretamente ligados a uma nova cara que o vice de marketing projeta para um clube que hoje tem mais de R$ 700 milhões em dívidas.
Panorama após cem dias
– Quando estamos envolvidos no dia a dia, não nos tocamos da quantidade de coisas que foram feitas. Só quando botamos no papel. Renegociamos toda a estrutura do acordo com a Adidas, que era engessado, não tinha remuneração variável, premiações relevantes, nem incentivo no volume de crescimento. Colocamos tudo isso. Fechamos com a Peugeot um contrato inédito, com parte fixa e variável. Temos três conversas importantes em andamento, e estou confiante de que chegaremos em um bom termo com duas delas em 20 dias. Começamos a implantar um conceito de marca Flamengo em lojas. Estamos estruturando franquias onde lojas que vendem coisas do Flamengo pagam luvas; 22 já assinaram contrato. Em curto prazo teremos até 60 lojas pelo Brasil, e isso deve gerar R$ 4 milhões ou 5 milhões de receita adicional por ano. Vejo os cem primeiros dias como muito positivos.
Falta de investimentos no futebol
– A torcida reclama com toda razão que o clube não tem mandado bem, que só pega dinheiro para pagar contas, mas é importante lembrar que daqui a pouco vamos ter uma série de projetos que podem ser incentivados, e com as certidões negativas de débito vamos conseguir levantar dinheiro. Um dinheiro que, sem as CNDs, em vez de chegar de renúncias fiscais, chegariam dos cofres combalidos do clube. Muita coisa tem sido feita para estruturar o passivo. Se você lembrar que dos R$ 104 milhões que o Fla deve receber por ano, R$ 70 milhões ou 72 milhões foram antecipados pela gestão anterior, não há dinheiro neste ano. Tudo consumido ano passado. É um valor que vai estar disponível no ano que vem, mais todo o dinheiro do marketing. Vejo o Flamengo forte a partir de 2014. Agora, o clube está lutando para buscar caminhos.
Aumento no valor dos ingressos
– O conceito dos ingressos é o seguinte: é uma conta matemática simples. Está todo mundo vendo o público do Carioca. Acho que há uns malucos, como eu, que sempre vão. Esses caras vão ter que pagar a conta, porque você não pode colocar o Flamengo para jogar e perder R$ 30 mil, R$ 40 mil ou ganhar R$ 5 mil. Isso não fecha a conta. Então, com o programa sócio-torcedor, vamos fazer promoções. As pessoas confundem preço com promoção. “Ah, mas o preço do sócio-torcedor é caro, não vai ter desconto”. Filho, isso não é para ajudar você como torcedor, o maior benefício que você tem é ajudar o Flamengo a ser um clube forte. Não é para levar uma vantagem. Além de ajudar o clube, há alguns benefícios, mas quem tem de levar mais vantagem é o Flamengo. Até porque o maior benefício do torcedor é ter um time forte. O Flamengo é uma entidade sem fins lucrativos, o que entrar de dinheiro vai ser investido no futebol. Vamos supor que o time vá jogar com o Náutico, no Rio de Janeiro: quantas pessoas vão ao jogo? Oito mil, dez mil? Essa é uma média de jogos desse tipo. Dá para pegar e fazer o seguinte: os 30 mil primeiros sócios-torcedores vão pagar R$ 1. E se fosse uma final de Libertadores Flamengo x Boca Juniors? Deveria aumentar e dizer: os sócios-torcedores têm prioridade. Isso vai variar da capacidade, onde jogar. Se for fora, diminui a quantidade de ingressos. Se for jogar em Salvador, será que temos 3 mil ou 4 mil sócios? A prioridade e o desconto seriam deles. Deve ser levado tudo isso em conta. Falam que o preço é caro, mas evidentemente teremos promoções. O que é melhor, jogar para 30 mil ou 3 mil? Óbvio que 30 mil, desde que esses paguem algo para o Flamengo, seja via sócio-torcedor ou ingresso no estádio.
Volta do Maracanã
– A relação do Flamengo com o Maracanã é umbilical. Espero que possamos chegar a um acordo que interesse ao clube e ao consórcio vencedor. Estamos otimistas para ligar a história do Flamengo com o Maracanã. Isto posto, não vamos assinar nada estúpido, que não faça sentido, e que o clube não seja tratado na medida de sua relevância e importância. O Flamengo não vai pagar para jogar no Maracanã.
Fonte: GE
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