O Flamengo divulgou nesta quinta-feira os resultados da auditoria da Ernst & Young, contratada pelo clube para apurar a situação financeira interna. A documentação apontou uma dívida de R$ 750,7 milhões. O vice-presidente de finanças do Flamengo, Rodrigo Tostes, explicou a forma de trabalho do departamento que comanda e ressaltou que não é impossível efetuar o pagamento de todo o valor. O dirigente ainda comentou sobre o prazo para sanar esta quantia.
– A dívida é maior do que esperávamos, mas tenho confiança que, com o time montado, vamos conseguir virar esse jogo. O departamento financeiro do Flamengo trabalha em dois pilares: redução de despesas e processo. A dívida de R$ 750 milhões é pagável, mas não em um curto prazo. Estamos no primeiro estágio de desvendar a caixa vermelha e preta. Vamos colocar dinheiro novo e trabalhar – afirmou o dirigente.
O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, afirmou que a responsabilidade pelo valor astronômico apontado pela auditoria é relacionada a aprovação de contas, o que não aconteceu com a de 2011 da Patricia Amorim.
– A questão da responsabilidade tem relação com a aprovação das contas. Se não são aprovadas, isso gera um inquérito, apuração de responsabilidade. Não estamos preocupados em responsabilizar ninguém, denegrir ninguém. Se encontrarmos algo que responsabilize alguém, vamos fazer com a maior calma possível – enfatizou.
A maior parte da dívida apontada pela auditoria é com o fisco, com R$ 394,8 milhões em impostos não pagos. Outros R$ 184 milhões são referentes a dívidas trabalhistas e pagamentos judiciais e R$ 172,9 milhões foram separados para cobrir futuras despesas com condenações judiciais.
Luiz Eduardo Baptista, vice-presidente de Marketing do Flamengo
Muitos torcedores do Flamengo têm achado os planos de sócio-torcedor caros. O que vocês podem fazer para solucionar esse problema com a torcida?
Com a evolução do plano, quanto mais sócios tiver, mais barato os planos podem ficar. Não podemos iniciar os planos com os preços lá embaixo e só começar a ganhar dinheiro em dez anos. Precisamos de um resultado imediato.
Essa diretoria está deixando o nome do Flamengo limpo no mercado do futebol?
Muito se fala no Brasil sobre moralização no futebol. Acho que estamos começando a fazer. Eu acredito que daqui a dois, três anos, essa faxina financeira vai trazer resultados saudáveis para o futebol brasileiro. Quando um clube como o Flamengo resolve ser correto, cumprir com as obrigações, tem impacto num primeiro momento. Dando exemplo para a situação como um todo.
Qual a principal razão para essa diretoria querer reerguer o Flamengo financeiramente?
O que nos move a trabalhar de graça para o Flamengo é essa paixão. Temos de botar nossa paixão aliada ao nosso discurso. O Flamengo não vai sair dessa situação se a torcida não nos ajudar.
Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças do Flamengo.
Qual é o impacto negativo que essa dívida alta pode gerar?
Esse número de 750 milhões vai se refletir em 31 de dezembro, no balanço. Temos uma dificuldade que é a não aprovação do balanço de 2011, mas queremos saber os valores de entrada e saída da verba.
O que leva vocês a acreditarem que podem equacionar a dívida?
O prazer em fazer esse trabalho é confiar que vai existir um Flamengo antes do que estamos fazendo e outro depois. Não vamos resolver todos os problemas do Flamengo. Em três anos vamos colocar esse trem no trilho, fazer com que a paixão, com que o orgulho do torcedor volte. Isso não tem preço. Por isso estamos aqui.
Em quanto tempo este débito pode ser quitado?
Estamos no primeiro estágio, de desvendar a caixa vermelha e preta. Primeiro passo é identificar o tamanho do problema. Hoje estaria sendo mentiroso se dissesse quando a dívida vai ser paga.
Quais consequências essa auditoria pode ter para o futuro do Fla?
Estamos fazendo o que é devido. Não tem nenhum valor nisso, não é mérito pagar imposto em dia. O Flamengo não fazia isso e, por isso, está neste momento.
Com a palavra: Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo.
“Primeiramente, tem de falar que é a primeira auditoria de uma empresa deste porte em um clube de ponta. Encontraram um rombo absurdo nas contas. E me parece que um alto valor na gestão da Patricia, com impostos não pagos, as questões do Ronaldinho Gaúcho, questões trabalhistas e, provavelmente, encontraram altos valores também em gestões anteriores. Isso mostra que existe uma falha grave nas auditorias feitas pelas antigas gestões.
Se a maior parte da dívida é com o governo, e era cerca de 400 milhões, agora quase dobrou. Por que isso não foi encontrado? É muito positivo que saibamos o quanto o Fla realmente está devendo.
Neste ponto, acredito que o credor, que é o governo, deveria publicar qual o rombo dos clubes com o órgão. Se fosse uma empresa, teria falido. Não teria ativos para bancar essa dívida.
Acredito que essa auditoria deixa o Flamengo com bons olhos no mercado. O trabalho que essa administração está fazendo é tentar resgatar a imagem do clube.
Fonte: Lancenet
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