O Maracanã foi sem dúvida motivo de grande orgulho para o Brasil da época, presidido pelo general Eurico Gaspar Dutra, eleito em 1946. Afinal, o país era essencialmente atrasado, repleto de analfabetos, sem indústrias de base, explorado por estrangeiros, com a riqueza concentrada nas mãos de uma minoria dos cerca de 70 milhões de habitantes. Tanto que o primeiro plano governamental, o Salte, atendendo às metas prioritárias de saúde, alimentação, transportes e energia só foi criado em maio de 1950.
Apesar disso, o estádio não chegou a ser unanimidade, tanto que surgiram críticas à sua construção, representadas pelo vereador Carlos Lacerda, da UDN, que trabalhou contra, ou na pior das hipóteses, que o Maracanã fosse construído em Jacarepaguá, bairro na época distante de tudo. Mas Ângelo Mendes de Morais, o prefeito do então Distrito Federal – o Rio de Janeiro era a capital do Brasil – assumiu a causa para torná-la realidade, numa área acessível a todos.
Meses antes do Maracanã vingar, o assunto principal eram as eleições para a presidência da República, previstas para outubro de 1950, e disputadas por Getúlio Vargas, Eduardo Gomes e Cristiano Machado. E uma pesquisa mostrou que o cinema era a principal diversão do carioca para 30% dos entrevistados, contra 29,2% do futebol, número que cresceu após a inauguração do estádio, gerando, com a proximidade da Copa, uma expectativa formidável, por tudo que representava e pela chance de mostrar ao planeta a nossa hospitalidade.
Vale lembrar que a cidade, além de “maravilhosa”, pelas belezas naturais, era efetivamente provinciana, e que a violência urbana praticamente inexistia. Assim, o Rio e o Maracanã acabaram sendo fundamentais para que a Fifa passasse a perna na candidatura da Argentina, que nos superava em vários quesitos: estádios modernos, futebol de alto nível, povo alfabetizado, hotéis de primeira, uma Buenos Aires esplêndida, enfim… O certo é que o estádio e a Copa foram um sucesso.
Em tempo: Getúlio foi eleito dois meses depois com 49% dos votos. E nós perdemos o caneco para o Uruguai. Mas essas já são outras histórias.
Fonte: Lancenet
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