Quando assumiu a vice-presidência de finanças do Flamengo no dia 2 de janeiro de 2013, o jovem Rodrigo Tostes, graduado em direito pela Universidade Cândido Mendes e com curso de economia na Universidade de Harvard (EUA), não sabia ainda o tamanho do problema financeiro do clube da Gávea. Aceitou aquele que talvez seria o maior desafio da sua carreira com a missão de reerguer um dos clubes mais endividados do país.
Cem dias foi o prazo com o qual Tostes trabalhou para desvendar o buraco negro das contas rubro-negras e aí sim traçar um plano para salvar o Clube Mais Querido. Ao final desse prazo, a auditoria interna encomendada à empresa Ernst & Young apontou o tamanho do desafio: R$ 750,7 milhões. Como os débitos chegaram à esse montante? O que fazer a partir de agora? Em entrevista exclusiva à TVFLA, o homem das finanças rubro-negras falou sobre a dívida milionária e explicou como pretende virar o jogo a favor do Flamengo. Confira abaixo a íntegra da entrevista:
Foi um rombo maior do que o esperado?
Não, necessariamente. Porque a gente não tinha expectativa. A gente entrou com o objetivo de tentar resolver o problema. E a primeira coisa que a gente precisava saber era qual era o tamanho do problema. Então, não existia por parte da diretoria nenhuma expectativa desse número. A grande pergunta que é feita hoje é: quem foi responsável por isso? E eu acho que essa é a pergunta errada nesse momento. Temos que tentar encontrar a resposta para como a gente vai resolver essa dívida. E a segunda pergunta é: como é que se chegou a essa dívida?
Qual é o principal motivo?
Não sou um estudioso do futebol, mas eu diria o seguinte: o conceito do futebol no Brasil de uns dez anos para cá, de se chegar próximo à Europa, de usar a Europa como exemplo foi feito sem absolutamente nenhum critério de avaliação financeira por trás. O dinheiro que aumentou exponencialmente em receitas de televisão e patrocínios não foi canalizado para isso, não foi canalizado para novos talentos. Foi para pagar jogadores por valores absurdamente altos, para salários que nenhum executivo no Brasil tem. Nenhum executivo no país ganha R$1 milhão/mês sem metas. E esses absurdos que ainda existem hoje no futebol levaram a essa situação. Estamos trabalhando pesado em termos de renegociação da dívida, de redução de custos, em gerar novas receitas, os exemplos estão aí. Estamos tendo muito êxito nisso, principalmente na função de evitar novas penhoras e eu acho que o sócio-torcedor é a solução. Nós precisamos da torcida do Flamengo.
A força dos 40 milhões de torcedores é a solução?
Eu acho que ela é a primeira. A ação que está sendo feita pelo marketing do Flamengo na questão dos patrocinadores é um trabalho que eu acho que nunca houve. O momento em que você tiver os três patrocinadores a situação estanque é ali. Dali para frente, o grande aumento de receita tem que vir do sócio-torcedor.
O Flamengo conseguiu as certidões negativas de débito recentemente. Qual é a importância disso?
A grande vantagem que o Flamengo vai ter em ter as certidões é trazer pro seu patrocinador, pro seu apoiador num primeiro, num segundo, num terceiro momento a certeza de que não vão haver mais penhoras por parte do fisco, que o Flamengo é cumpridor das suas obrigações e que aquele dinheiro que o patrocinador está colocando aqui vai ser revertido para estimular e propagar a marca dele.
Como torcedor rubro-negro, qual é a maior dificuldade e o maior prazer de fazer um trabalho como esse?
É difícil você abdicar de tempo, da família, do final de semana e conseguir explicar tudo isso, que é a paixão pelo Flamengo. E ao mesmo tempo, a grande satisfação é estar tendo a oportunidade de dedicar tempo ao Flamengo.
E você está confiante na virada do jogo?
Não tenha dúvida. É questão de tempo. E sem a torcida do Flamengo é impossível fazer essa virada.
Fonte: Ei
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