Nas últimas semanas, o Bayern de Munique chocou o mundo do futebol ao atropelar o Barcelona na semifinal da Liga dos Campeões. Demonstrando aplicação tática e muito talento com a bola nos pés, a equipe alemã venceu o gigante da Catalunha por placar agregado de 7 a 0, garantindo-se na grande final do torneio, contra o Borussia Dortmund, que também surpreendeu ao passar pelo Real Madrid.
Porém, mais do que alemães que superaram equipes da Espanha, uma situação unia a dupla: a utilização de um sistema tático baseado em um centroavante fixo na área rodeado por dois pontas de muita velocidade e um armador centralizado.
E o sucesso obtido por Bayern e Borussia refletiu-se no futebol brasileiro. Esquema já introduzido no país, o 4-2-3-1 – transformação do 4-3-3 largamente usado na década de 1980 – tornou-se quase uma febre entre os treinadores nacionais. Em 2012, a formação alcançou a glória máxima pelos pés de uma equipe brasileira. O Corinthians do técnico Tite bateu o Chelsea-ING por 1 a 0 e sagrou-se campeão mundial.
Autor do gol do título, o peruano Paolo Guerrero recebia o auxílio luxuoso dos velozes Emerson e Jorge Henrique, além de contar com o cerebral Danilo na versão (quase) brasileira do esquema de Jupp Heynckes no Bayern, que alinha com Mario Gómez, Ribéry, Robben e Muller. Vale lembrar que, do quarteto, apenas o francês Ribéry não balançou as redes de Victor Valdés em um dos jogos pelo torneio europeu.
Rivais cariocas seguem o Botafogo
Um dos pioneiros do esquema tático no futebol brasileiro, Oswaldo de Oliveira vem lançando mão do 4-2-3-1 desde que chegou ao Botafogo no início da temporada de 2012. Porém, a formação demorou a dar certo no Alvinegro, que ficou pelo caminho no Campeonato Brasileiro apesar da chegada do holandês Clarence Seedorf.
Após receber muitas críticas pela esquema que, para muitos, deixava seu time exposto aos ataques adversários, além de não contar com um centroavante de ofício após a saída de Loco Abreu, o treinador colocou ordem na casa e faturou o Campeonato Carioca deste ano demonstrando futebol leve e de muita movimentação, baseado, principalmente, no uruguaio Nicolás Lodeiro, válvula de escape do time e apontado como craque do Estadual.
Sem chances contra o time de General Severiano, os rivais encamparam a máxima do “se você não pode vencer seu inimigo, una-se a ele”. Flamengo, Fluminense e Vasco adotaram o esquema com três atacantes nesta temporada. No Fla, Rafinha e Gabriel vêm atuando como companheiros do artilheiro Hernane no ataque rubro-negro enquanto o Tricolor trocou o 4-4-2 campeão brasileiro do ano passado com Deco e Thiago Neves na criação para explorar a velocidade dos jovens Rhayner e Wellington Nem pelas pontas, municiando a referência do time, preferencialmente Fred.
Último a alterar seu estilo de jogo, o Vasco de Paulo Autuori testou recentemente uma equipe com os velozes Eder Luís e Thiaguinho amparando o instinto goleador do equatoriano Carlos Tenorio em mais um time que caminha para a utilização do esquema da moda no futebol atual.
Esquema da moda ou tática correta?
Os grandes resultados obtidos por Corinthians e Bayern combinados à enxurrada de outros clubes que passaram a jogar com esquemas similares levanta uma questão: seria o 4-2-3-1 uma moda entre os treinadores válido até o próximo campeonato vencido por um time que atue com outra formação tática ou ele é a maneira correta de uma equipe jogar?
Para os especialistas consultados pela reportagem do Yahoo! Esporte Interativo, a questão vai além da pergunta. Craque com a bola nos pés e treinador de sucesso na Europa, Zico acredita que a forma correta de se atuar ultrapassa a quantidade de atacantes que o time leva a campo.
“O importante para um time é jogar compacto, atacar e defender com todo mundo”, comentou o Galinho, alertando para o que julga ser o número ideal de jogadores entre ataque e defesa. “Na hora do ataque, você tem que cinco, seis jogadores presentes e com quatro você defende muito bem.”
Partidário do pensamento do ex-Flamengo, o comentarista da TV Esporte Interativo, Henrique Marques também citou a necessidade da equipe atuar de maneira a evitar os buracos entre setores e com ataque em bloco como fator mais determinante para o sucesso. Além disso, o jornalista alertou para a atenção que os treinadores precisam dar ao material humano que dispõem e, a partir daí, montar seus esquemas táticos.
“Acredito muito em conceito de futebol, mas um treinador não deveria escalar uma equipe com três atacantes se eles não tiverem características para isso. Forçar um esquema em qualquer time que seja é um belo gol contra”, comentou Henrique, exaltando a disposição para marcar dos pontas do Bayern, Franck Ribéry e Arjen Robben, aríetes de um esquema que destronou o até então “melhor time do mundo” e que promete se espalhar pelo planeta bola.
Fonte: Yahoo
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