O torcedor brasileiro é confuso. Ele reclama, diz que vai, reclama de quem não vai. Quando vai, reclama que foi. Diz que não volta.
Quando volta, reclama por ter voltado. E se ganhar, aplaude. Se perder, vaia. Se estiver empatando, ele escolhe com o direito a ter razão sobre qualquer opção.
Sob o argumento de ver de perto o time que nunca chega tão perto, o valor perde a importância. É raro, único, pode nem se repetir.
E em Brasília o Flamengo comprova, de novo, ser o mais brasileiro de todos os clubes.
Onde for, quando for, jamais é o visitante.
Todo time carrega uma multidão. O Flamengo pode andar pro lado que for sem carregar ninguém que, ao estacionar, a encontra.
Casa nova, pra Brasília, pro futebol, pra Neymar.
A abertura com “adeus”. O ” adeus” com a estréia de uma nova estrela da Vila.
Estrelas mudam de lugar, mas continuam brilhando.
Algumas por reflexo da luz alheia, outras por brilho próprio.
Muricy vai correr pro primeiro time que lhe oferecer uma chance de disputar algo a curto prazo. Sem Neymar, pelo que o Santos tem apresentado há mais de um ano, ele será demitido em questão de semanas, ou morrerá abraçado com essa idéia de dar um bico pra alguém resolver lá na frente.
Enquanto isso, sem tanta gordura pra queimar, Jorginho prepara um time que não encanta, nem promete. Mas surpreende.
Você não achou que aquele time que usava 5 jogadores diferentes por partida no estadual teria algum entrosamento e um padrão tático no Brasileirão.
Pois teve.
Não foi ameaçado, teve a bola, criou chances e não dependeu de uma só jogada.
O frágil Flamengo pensado em janeiro de 2013 não pareceu tão frágil assim. O poderoso Santos de Neymar e Montillo, sim.
Neymar foi a máscara de um trabalho ruim. Agora a máscara saiu, a verdade vai aparecer.
Muricy tirou do Santos mais do que correria, pontos e algumas conquistas. Sugou a alma do clube que por natureza dá espetáculo e joga pra frente.
O Santos que revela, encanta e sorri enquanto joga, hoje faz cara de mau. E nem joga.
Fonte: Blog do Rica Perrone