Nas cinco primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, a cidade do Rio de Janeiro sediou apenas uma das 50 partidas disputadas na competição. Passadas quase três semanas do último jogo pelo torneio, a situação dos estádios cariocas segue inalterada, obrigando os clubes do estado a continuar deixando seus domínios para jogar.
Tal medida, aliás, vai gerar uma partida insólita já na primeira rodada pós-Copa das Confederações. Sem poderem se enfrentar no Engenhão ou no Maracanã, Botafogo e Fluminense agendaram o clássico do próximo dia 7 de julho para a Arena Pernambuco, no Recife.
Se por um lado as questões físicas e logísticas podem deixar os torcedores dos quatro grandes preocupados com o desempenho de suas equipes no restante do ano, os clubes têm a oportunidade de aproveitar a necessidade para fazer do limão uma limonada.
Diretor da Pluri Consultoria, empresa responsável por estudos de mercado do futebol, Fernando Ferreira, avalia que Botafogo, Flamengo e Fluminense podem fazer valer suas torcidas nacionais para ter lucro nas partidas em outros estados.
“Botafogo e Fluminense tem 60% de suas torcidas fora do Rio; o Flamengo, 75%. Não há dúvida que há vantagem financeira em se jogar fora. A principal ação é a escolha do local. Por exemplo, a presença do Flamengo em várias cidades do Brasil dá ao seu jogo a oportunidade de estádio lotado e com preço de ingressos muito favorável ao clube”, comentou Ferreira, para fazer um alerta. “Mas a repetição do jogo na mesma praça tende a reduzir o aspecto de novidade e tornar a receita líquida menor, portanto o melhor é fazer um rodízio de cidades.”
Além da necessidade de os clubes irem pulando de galho em galho para obter maiores receitas – ao contrário da ventilada hipótese levantada de que o Fluminense vai mandar todos os seus jogos de julho no Mané Garrincha, em Brasília -, Fernando Ferreira também comentou sobre a venda dos direitos da partida para uma agência de marketing.
O expediente foi utilizado pelo Santos no jogo de abertura do Brasileiro, contra o Flamengo, em Brasília. Na ocasião, o Peixe recebeu R$ 800 mil, mas viu a bilheteria de quase R$ 10 milhões (a maior da história do futebol brasileiro) ficar inteiramente com a empresa detentora dos direitos. Nesta questão, o economista enxerga que os clubes devem entender a situação específica de cada jogo.
“Tudo depende do tamanho da oferta do interessado em comprar o evento. Vender aquele jogo foi um erro muito grande do Santos. Para o Flamengo, por exemplo, a vantagem é toda de realizar a partida por conta própria, pois o risco de fracasso de bilheteria é muito pequeno”, disse.
Falta de estádio pode complicar cariocas no futuro.
Apesar das benesses a curto prazo, o analista da Pluri vê uma chance de perda considerável para as equipes com a ausência de jogos em casa. Segundo Fernando Ferreira, os planos de sócio-torcedor, carro-chefe do marketing de boa parte dos clubes brasileiros atualmente, podem ser prejudicados com a prática, ficando para trás no futuro.
“No curto prazo, a principal perda é relacionada aos planos de sócio-torcedor, já que o torcedor já pagou por um jogo que não vai poder ir. No longo, a falta de estádios próprios vai custar a esses clubes competitividade financeira, já que a nova geração de arenas vai mudar a atual correlação de forças entre os clubes”, prevê Ferreira.
Neste panorama, quem surge melhor posicionado é o Vasco, que voltará a contar com São Januário tão logo se encerre a Copa das Confederações. Já o Botafogo terá que aguardar até meados de 2015 para reaver o Engenhão enquanto a dupla Fla-Flu segue em arrastadas negociações para voltar a jogar no Maracanã.
Fonte: Yahoo!
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