A promessa era repetitiva e, até certo ponto, megalomaníaca: “Torcedor, ajude a transformar o Flamengo na maior potência esportiva do mundo. Não é do Brasil, não. É do mundo”. E dessa maneira o sistema de som do Orlando Scarpelli vendia, como um mantra, a “obrigação” dos rubro-negros de fazerem parte do programa de sócio-torcedor. Em campo, o time fazia partida ruim contra o Náutico, pelo Brasileirão, e, como se tornou costume desde o lançamento do projeto, a possibilidade de reforçar a equipe parecia depender exclusivamente de novas adesões.
Se no dia em que o “Nação Rubro-Negra” foi lançado o vice de marketing, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, foi claro ao dizer que o projeto era, sim, formatado para ser mais benéfico ao clube do que ao associado, as cerca de 22 mil inscrições até o fim de maio ainda não são vistas como suficientes. Campanhas em massa, principalmente em redes sociais, adotam tom de cobrança na busca por novos participantes e atingem em alguns momentos até o estágio das críticas.
No placar eletrônico do estádio em Florianópolis, por exemplo, foram expostas de maneira contínua frases como:
– Tem gente que só reclama, reclama, e… na hora de ajudar, cadê?
– Vai esperar mais quanto tempo?
– O Mengão está se recuperando, mas todo mundo precisa fazer sua parte.
– Não pode só torcer. Tem que fazer alguma coisa.
Em determinados momentos, até mesmo as “promessas” de retorno em caso de sucesso do programa pareciam exageradas:
– Você pagaria quanto para ver outro gol como o de Nunes em 1981?
O tom das propagandas já tinha recebido críticas também em redes sociais, e o reflexo, coincidência ou não, foi uma diminuição relevante no número de novas adesões. Com os mais de 22 mil sócios conquistados, o Flamengo já soma R$ 12,54 milhões por ano em sua receita e promete que o crescimento deste valor será determinante para contratação de reforços. Apesar do foco no “Nação Rubro-Negra”, o clube tem outras fontes bem mais pomposas para arrecadação, como em patrocínios no uniforme, que chega à cifra de R$ 73 milhões/ano.
Fonte: GE