Jorginho é um ídolo da história do Flamengo. Merece respeito. E sobriedade, na análise de sua demissão nesta madrugada, depois de menos de três meses no clube.
Primeiro, o elenco com que ele trabalhou padece de severas limitações e vinha de fracassos. Carlos Eduardo não é sombra do meia que surgiu no Grêmio. A dependência dos chutes de longe de Renato Abreu, bom jogador em fim de carreira, evidencia as carências.
Segundo, com o Maracanã e o Engenhão interditados, as duas partidas com derrota “em casa” no Campeonato Brasileiro não foram jogadas em casa coisa nenhuma.
Terceiro, não se faz balanço definitivo do trabalho de alguém, a ponto de lhe dar um pontapé no traseiro, após 14 partidas.
Quarto, na derrota de ontem para o Náutico por 1 a 0 houve o prejuízo de dois titulares ausentes, cedidos às suas seleções: Marcelo Moreno (Bolívia) e González (Chile).
Dito isso, algumas constatações.
Primeiro, para o clube de maior torcida do país, da camisa com mais faturamento publicitário, Jorginho foi uma escolha infeliz para assumir a crise. O treinador não tem experiência suficiente, ainda é verde para uma agremiação como a que o consagrou na lateral direita.
Segundo, a despeito das fragilidades, não soube aproveitar melhor os “recursos humanos” à disposição. Reiterando: não escalou juntos, de início, Moreno, Hernane e Rafinha. Quando estiveram juntos em campo, a coisa andou melhor.
Terceiro, Jorginho não soube tirar maior proveito das semanas que teve de treinamento para o Brasileiro. Ao contrário de Paulo Auturori, no Vasco, com um elenco pior do que o do Flamengo. A equipe cruz-maltina soma seis pontos no campeonato, enquanto o rubro-negro tem somente dois, sem nenhuma vitória.
Quarto, a boa atuação contra o Santos, no empate da estreia, foi ilusão de ótica: não é que o Flamengo estivesse bem. É que o Santos, com Neymar se arrastando em sua despedida, foi um simulacro do grande time de tempos atrás.
Sobre o novo técnico: a diretoria errará se pensar de novo em custo baixo, em profissionais como Joel Santana ou, pior, Renato Gaúcho. Deveria cogitar Mano e Muricy, porque eles estariam à altura do enorme desafio pela frente.
Por tudo que há de mais sagrado, preservem Zico, não convocando um deus para treinar o time.
Claro que é muito cedo, mas registro: se o Campeonato Brasileiro terminasse hoje, depois da quarta rodada (são 38!), o Flamengo seria rebaixado pela primeira vez.
Aposto que não será.
Fonte: Blog do Mário Magalhães