Claro que a campanha do Flamengo no começo desse campeonato brasileiro poderia pelo menos ser um pouco melhor. Ficou nítido que Jorginho (demitido após a derrota para o Náutico por 1 a 0) não está preparado para comandar um time com camisa tão pesada em momento tão delicado, de transição. E é óbvio que, queira ou não o torcedor, os rubro-negros terão pelo menos um ano de muitas dificuldades. É preciso pagar pelos erros do passado.
Não há outro caminho. Para se transformar naquilo que, em tese, poderia ser, o Flamengo terá que enfrentar um período turbulento, se estruturar, acertar as contas e, então, montar um time forte. Isso não acontece em menos de um semestre, tempo de trabalho da atual gestão até aqui. Devastado por administrações catastróficas, o clube de maior torcida do Brasil tem contas a acertar. Chegou a hora, meu caro. Não adiantará espernear, pichar muro, reclamar.
A diferença entre o Flamengo de hoje e o Corinthians de 2008 é que o time paulista começou a arrumar a casa naquele ano disputando a segunda divisão. Por mais estranho que pareça, era um caminho mais tranquilo, uma temporada sem atropelos e com muitas vitórias. Para um grande em momento tão complicado, pode ser bem mais fácil subir da segundona do que permanecer na primeira. Como os flameguistas não caíram, terão que se virar para evitar isso.
Sim, porque é necessário superar o ano de 2013 para que a partir de janeiro existam melhores condições financeiras e uma diretoria que domine toda a complexa situação herdada. E então haverá chance de montagem de uma equipe mais competitiva. A derrota para o Náutico colocou o Flamengo na zona do rebaixamento após 153 rodadas. O time não aparecia entre os quatro últimos desde a segunda peleja disputada no Brasileirão de 2009. Certame que venceu.
As chances de repetição de tão bem sucedida campanha são mínimas, desprezíveis. O time de 2009 era a base campeã da Copa do Brasil 2006, os terceiros colocados na Série A 2007 e que terminaram em quinto no campeonato de 2008. Reforçados por Petkovic e Adriano, ambos bem. Hoje o Flamengo não tem nada parecido, começa de baixo. Jorginho, tenso à beira do campo, mexendo no time de forma frenética, não dava o menor sinal de que poderia mudar o panorama.
A questão é: com o atual elenco, quem será capaz disso? Sem cometer loucuras, sem firmar contratos que lá na frente se mostrem lesivos ao clube, pode ser imperativo gastar mais, investir em um treinador mais “cascudo”, experiente, equilibrado. Alguém que transforme o limitado elenco rubro-negro num time que fique, digamos, na metade da tabela de classificação ao final do campeonato. Já seria o bastante, algo como passar de ano com nota 6. Quem? Mano Menezes?!
Fonte: Blog do Mauro Cezar Pereira