Mais uma vez, falarei sobre a garotada do Flamengo. Em minha primeira coluna, intitulada “Craques não são feitos só de futebol”, expus um lado mais subjetivo e humano do que pode acontecer com as jovens promessas do clube. Hoje, porém, vou me ater ao aspecto técnico e objetivo – a bola no pé.
Depois de assistir o jogo da última quarta-feira, pela Copa do Brasil, fiquei com a impressão de que, embora os garotos precisem de rodagem e amadurecimento, há certa “má vontade” com eles. Não entra na minha cabeça que o Val (quem?) esteja à frente do Luiz Antônio na briga por uma vaga no meio campo e que o menino Samir (que atuou muito bem contra o Criciúma) jogue menos que o Wallace. Além disso, o caso mais estranho é o do menino Rodolfo, que joga demais, mas é escalado de menos (até pra compor o banco).
É certo que eles não podem ser lançados de uma só vez, pois não é prudente que se jogue nas costas dos garotos a responsabilidade de reerguer o Flamengo. Entretanto, não dá pra aturar que jogadores sem o mínimo de condição estejam à frente deles. Exemplifico: 1. Val – não tem vaga nem em pelada de casado X solteiro. O cara erra muito passe e não dá pra saber qual perna ele usa, porque ele chuta mal com as duas; 2. Wallace – é o retorno do Wellinton! O cara é pesado, estabanado e lento. Não pode fazer dupla de zaga com o Gonzalez (que também não é rápido); 3. Diego Silva – volante normal, nada demais, mas que vem tendo muitas chances; 4. Paulinho – jogador voluntarioso, muito esforçado (já cheguei até a elogiá-lo por isso), e só. Ele me lembra muito o Jean, que corria e lutava muito, mas pecava nas finalizações.
Enquanto isso, Nixon, Rafinha, Rodolfo e Luiz Antônio vêm tendo poucas ou nenhuma chance. O primeiro acabou com o jogo contra o ASA. Entrou, deu passe pra gol e fez outro. Rafinha tem ficado no banco, mas entrado pouco e a situação dos dois últimos já foi explicada acima. Por outro lado, o jovem Adryan vem aparecendo mais, porém fora de posição (pra variar). A pergunta que não quer calar é: por que isso acontece?
Na minha humilde opinião, o Flamengo tem que tomar muito cuidado para não ficar refém dos empresários. O Mano é um ótimo treinador, mas também gosta de uma “panela” e joga de acordo com interesses do mercado, vide as sucessivas convocações de Elias e André Santos para a Seleção, no início do seu trabalho. Elias foi convocado até ser vendido para o Sporting Lisboa, enquanto o André Santos figurou nas convocações até ser negociado com o Arsenal. Curiosamente, os dois são agenciados pelo mesmo empresário do treinador, Carlos Leite, que também é muito amigo do Paulo Pelaipe.
Enfim, se formos analisar friamente, é muito melhor para o clube que as suas promessas estejam na vitrine, e não jogadores contratados por empréstimo. O retorno financeiro será muito maior se algum garoto, cujos direitos econômicos pertençam ao clube, seja vendido posteriormente. Se assim não for, nos tornaremos meras barrigas de aluguel e encheremos os bolsos dos empresários, e não os cofres do clube.
SRN
Gabriel Lima
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