Borderôs em mãos, o primeiro Fla-Flu do novo Maracanã terminou neste fim de semana. Após os dois clubes terem disputado seus primeiros jogos no estádio foi possível traçar uma breve análise inicial dos desempenhos contratos assinados com o Consórcio Maracanã S.A. Por enquanto, não parece haver vencedor. Rivais históricos em campo, Flamengo e Fluminense tiveram desempenho bem parecido quando a meta foi arrecadar. Na frieza dos números, pequena vantagem financeira de pouco mais de R$ 80 mil para os rubro-negros. Proporcionalmente, a fatia tricolor, porém, foi maior no arrecadamento da renda bruta.
Ao se estipular como sócio do consórcio e dividir todas as receitas em meio a meio, o Flamengo admitiu o risco imediato de amargar prejuízo, o que não ocorreu. Em sua conta constam despesas como o custo operacional do estádio, que chegou a quase R$ 386 mil no último domingo. Este valor, por exemplo, não foi cobrado no acordo do Fluminense com o consórcio.
O Tricolor tem direito ao montante dos cerca de 43 mil assentos atrás dos gols e não arca com custos para mandar jogos no estádio da final da Copa do Mundo de 2014. Com isso, lucrou R$ 999.449,52 da renda total do clássico com o Vasco, o que corresponde a 64,2% do arrecadado. Já a fatia rubro-negra foi de R$ 1.081.423,31, correspondente a 35% da renda bruta do confronto com o Botafogo.
“O balanço é muito bom. Se você ainda pensar que a maior parte da receita vem de camarotes e venda de carnês por temporada, o potencial que temos pela frente é muito bom. Considero esse valor como piso”, afirmou o vice de finanças rubro-negro, Rodrigo Tostes, um dos responsáveis pela costura do acordo com o Consórcio Maracanã.
A visão rubro-negra é de que o clube tem potencial para explorar outros espaços no estádio e, consequentemente, aumentar sua receita no futuro, o que não aconteceria com o Fluminense, preso ao faturamento dos espaços atrás dos gols. Questionados internamente, alguns dirigentes rubro-negros admitiram que o resultado inicial pode ser parecido com o do rival neste momento.
Mas o argumento é de que o acordo até o fim do ano possibilita uma espécie de teste para fixar bases a serem negociadas para um acordo duradouro, o que traria, na visão da diretoria, maiores vantagens. A intenção é fechar acordo permanente para camarotes, que renderiam por volta de R$ 20 milhões por ano. Um dos problemas, no entanto, é que o Consórcio já negociou apenas com a IMX, uma das integrantes do grupo que administra o próprio estádio, alguns destes camarotes, o que diminui a margem de lucro futuro por parte dos rubro-negros.
Na ponta do lápis, o valor desejado com faturamento em estádios gira em torno de R$ 70 milhões. Abocanhar todas as receitas do Maracanã, e não estar apenas engessado em um setor, é considerado fundamental para este passo. A relação entre Flamengo e Consórcio não é de extrema leveza. Nos dias que antecederam o clássico, nos bastidores o clima foi de disputa pelo controle da operação dos ingressos e de desconfiança em relação a valores de serviços terceirizados. O Flamengo teve o controle total, o que irritou os administradores, e negociou alguns camarotes de forma avulsa. A IMX recebeu um percentual deste valor. Diante disso, o clube ainda não sabe quando voltará a mandar uma partida no Maracanã.
A dupla Fla-Flu também caminhou de forma distinta na questão dos preços dos ingressos. Enquanto o jogo do Flamengo contou com valores mais salgados para o público em geral, com variação de R$ 100 a R$ 350, o clássico de tricolores com vascaínos teve preços menores, de R$ 60 a R$ 250. Para a partida desta quarta-feira, diante do Cruzeiro, também no Maracanã, o Fluminense abaixou ainda mais o valor correspondente ao seu setor: o ingresso custará R$ 40. Procurada pela reportagem, a diretoria tricolor não respondeu aos questionamentos sobre a avaliação feita após dois clássicos já disputados no estádio.
Fonte: ESPN