Usualmente se atribui à difusão dos projetos de sócio-torcedor um sem-número de virtudes. A principal é financeira, garantindo (ou simplesmente adiantando) recursos importantes para o fechamento das contas dos clubes. Mas existe ainda o benefício que se reflete no maior comparecimento de torcedores ao estádio. Movidos por vantagens que vão de descontos ao livre acesso, sócios se sentem impelidos à maior presença, compondo atmosfera necessária ao incentivo nas arquibancadas.
Diante da saudável competição entre torcidas em busca do maior número de sócios-torcedores (vide “Torcedômetro” da Ambev), fica a pergunta: quais os associados mais presentes? A resposta vem de um levantamento exclusivo encomendado ao excelente FutDados, site de estatísticas futebolísticas do amigo Julio Cesar Cardoso:
PS: Informações extraídas dos Boletins Financeiros do site da CBF. Não foram incluídos Botafogo, Fluminense, São Paulo e Vasco pois seus borderôs não discriminam ingressos destinados aos sócios. O levantamento contempla tanto sócios-torcedores quanto associados de categorias convencionais (sócio patrimonial, contributivo, etc)
Os líderes vem do Sul – grande reduto da tradição associativa no futebol brasileiro. O destaque é o Coritiba, com média de 90,3% de sócios entre os torcedores presentes ao Couto Pereira. Contra Atlético-MG, Fluminense e Náutico, o Coxa sempre manteve índice superior a 93%, tendo a estatística prejudicada no clássico mediante o Atlético-PR (82%).
O mesmo aconteceu com o novato Criciúma. O Tigre não superou o Coritiba por um detalhe, apresentando média de 85,1% e detendo o recorde de 96% na partida contra o Bahia (9.953 do total de 10.355 pagantes). A maior presença de visitantes no jogo contra o Flamengo derrubou os números do tricolor. Nesta partida, “apenas” 69% dos torcedores eram associados.
Se vai mal no ranking de público, pelo menos a Ponte Preta apresenta um quadro associativo presente: média de 70,6% no Moisés Lucarelli. A Macaca é a estranha no ninho sulista, que traz ainda Atlético-PR (67,7%) e Grêmio (62,7%). O Vitória (47,5%) supera o Internacional (46,9%), mas o mando de jogo em Caxias do Sul vem prejudicando os números colorados.
Só então surge o Corinthians (42,4%), famoso pelo retumbante sucesso de seu “Fiel Torcedor”. A verdade é que o índice de ocupação por associados cresce à medida com que partidas decisivas são disputadas. No fim de semana, 12.703 sócios-torcedores (de um total de 32.797 pagantes) assistiram à derrota do time para o Atlético-MG no Pacaembu.
Há empate técnico entre os rivais mineiros. A escalada do Galo começou com 23% de associados em Sete Lagoas (2ª rodada) e atingiu 50% no Independência, contra o Criciúma (6ª rodada). Na média, 34,9% de adeptos ao programa “Galo na Veia”. Já o Cruzeiro fez caminho oposto. Começou goleando o Goiás com 73% de sócios no Independência, mas perdeu força jogando em Sete Lagoas (Corinthians e Internacional). A volta ao Mineirão melhorou as coisas, mas a média de ocupação por sócios está em 34,8%.
A seguir vem Portuguesa (12,6%), Náutico (11,8%), Bahia (9,9%), Santos* (7,4%) e Goiás (5%). Mas o fato chamativo é a lanterninha ocupada pelo Flamengo. Itinerante por conta da falta de estádios no Rio de Janeiro, o clube de maior torcida do país mandou seus jogos em Juiz de Fora, Florianópolis e Brasília*. Na cidade mineira estiveram presentes apenas 318 sócios-torcedores. Na capital catarinense, 112 e no Mané Garrincha, 1.698 (frente ao Coritiba). Por fim, média de apenas 2,8%. Todos no clube esperam reverter estes números com a volta do Flamengo ao estádio do Maracanã.
*Os jogos contra Santos e Vasco foram de ampla maioria rubro-negra nas arquibancadas (especialmente o primeiro) mas tinham o Flamengo como visitante. No clássico, 1.520 associados ao projeto “Nação Rubro-Negra” estiveram presentes. Contra o Peixe, apenas associados alvinegros (146 no total), impactando negativamente as estatísticas santistas.
Fonte: Blog Teoria dos Jogos