O confronto que põe Flamengo e Botafogo à frente num mata-mata nacional – o último foi a final do Brasileiro de 1992 – colocará limitações, virtudes e crises financeiras dos rivais. Ambos possuem algo em comum: definiram suas vagas na sabedoria de explorar o adversário.
Oswaldo de Oliveira vai superando a grave crise financeira do Glorioso com time organizado e plástico. Sem Vitinho, o treinador acena com Rafael Marques em função mais tática, como winger pela direita, e também mais retenção na frente com Alex ou Henrique.
A estratégia era clara: o 4-2-3-1 se fechou no próprio campo e teve problemas na primeira etapa quando Zen não auxiliava no combate e Dória teve que dar o bote, expondo a lentidão de Bolívar e Edílson.
O Atlético-MG é “retrô”: seu modo de jogo lembra o futebol da década de 1970 com R10 e os pontas livres de combate, defesa confiando a retomada de bola nos combates individuais e espaços entre os setores, no 4-2-3-1 que lembra mais um 4-2-4. Ontem voltou a apostar em sua melhor jogada: bola longa para Jô escorar. Grande volume de jogo no 1T, mesmo com erros de finalização.
Não entenda o caráter “antigo” como algo ruim: por causa do Galo, muitos “modernistas” viram que nada é obrigatório no futebol. O Galo joga como na década de 1970 e ganhou uma Libertadores. Existem várias formas de se vencer no futebol, tudo depende da execução. E todas possuem pontos bons e ruins.
Foi exatamente na execução que o Botafogo se saiu melhor na segunda etapa: o time carioca soube se manter fiel ao seu estilo e colocou a bola no chão, geralmente fazendo 2×1 nos laterais do Galo, que não tinham auxílio dos pontas. Luan, solução no meio para criar mais jogo pelo chão, também não voltava e o Galo partiu para um novo abafa, dessa vez sem sucesso.
O Botafogo foi sábio ao ser fiel ao seu estilo e explorar os pontos fracos de seu adversário, assim como o rival Flamengo num lotado Maracanã.
O rubro-negro foi outro a explorar o adversário: negou o contra-golpe ao Celeste e aproveitou o momento para acionar sua melhor jogada: a surpresa de Elias.
No 4-3-3/4-1-4-1 de Mano Menezes, Rafinha e Carlos Eduardo buscaram a velocidade nos flancos, mas o time voltou a sofrer sem passe limpo para o ataque. Diante do imutável 4-2-3-1 do Cruzeiro, novamente com Éverton armando da direita e volantes mais presos, o Fla rodou a bola sem encontrar espaço na primeira etapa. Jogo que seguia a estratégia do Cruzeiro.
Até Mano aproveitar o momento e mudar: Luís Antônio para dar mais saída de bola e Paulinho para acelerar na lateral direita. O Cruzeiro perdeu de vez a saída e se fechou no próprio campo. O Fla continuou tentando criar e errando muito, mas assim como no jogo contra o Botafogo – próximo rival na Copa do Brasil – o camisa 8 avançou e fez o gol salvador.
Mano Menezes é treinador de conversa, tempo e controle. Precisa da rara paciência dos rubro-negros para superar limites técnicos e montar um time. O Fla sempre foi organizado com ele.
Oswaldo de Oliveira, após o mantra “Fora Oswaldo” ser repetido intensamente em General Severiano, finalmente teve paciência e montou um time. Resta saber se conseguirá prosseguir.
Fortes testes, fortes emoções. Nada definido nas quartas-de-final.
Fonte: Blog Painel Tático