Nova derrota e a volta do Flamengo à zona de rebaixamento. Tudo o que está se passando com o time rubro-negro era esperado, previsível. Não existe mágica e após anos errando, o rebaixamento à segunda divisão pode inevitável e (atenção) até necessário dentro de um processo de reconstrução.
Não acho que um time grande precise cair para se reerguer, mas é possível que, na primeira tentativa séria de se reorganizar, o Flamengo não resista. E então, após uma temporada trabalhando com orçamento menor, possa viver melhores dias. É um cenário que não deve ser ignorado.
É complicado para o torcedor fanático entender, mas o antídoto para escapar de uma queda costuma ser a contratação de reforços de última hora. Jogadores que pedem muito e são atendidos diante do desespero. Isso aumenta o endividamento, mantendo o clube num círculo vicioso sem fim.
Resumindo: para os flamenguistas o melhor é não cair. Assim, em 2014, já com situação financeira melhor, pois a administração anterior antecipou receitas deste ano, será mais viável a montagem de uma equipe de bom nível. Contudo, é possível, sim, que o time pare na segundona, como está claro pelo que se vê em campo. E derrotas como a para o Bahia vão acontecer mais vezes.
Hoje o elenco rubro-negro é caro, mas em boa parte herdado pela antiga administração e com novos jogadores que oneram a folha mas foram contratados por empréstimo, sem grandes investimentos, sem pagametos de multas. Casos de Elias, Carlos Eduardo, Marcelo Moreno, André Santos. E com erros evidentes, é óbvio. Que serão transformados em acertos se eles jogarem bem.
É bom lembrar que os atuais dirigentes vêm prometendo acertar dívidas, arrumar a casa e preparar o terreno para um futuro melhor. O Corinthians fez isso sem evitar um período na segunda divisão. Será que o Flamengo conseguirá o mesmo ou proporcionará tal vergonha para sua torcida? Mas passar anos com times fracos e a velha fama de mau pagador é pior do que jogar a Série B.
E já que lembramos o Corinthians, Alexandre Pato entrou em campo no lugar de Guerrero aos 26 minutos do segundo tempo. A vitória alvinegra sobre o Grêmio foi merecida, apesar de o primeiro gol, de Emerson, ter sido marcado em impedimento. Já caro atacante (custou €15 milhões pagos ao Milan) perdeu gol sob o travessão ao “furar” a cabeçada nos 2 a 0.
De joelho, o camisa 7 tocou a pelota para as redes, mas ela já ultrapassara a linha. Depois, em ótimo passe de Renato Augusto, perdeu chance clara — Dida defendeu. Pato desperdiça gols como se fosse um atacante comum embora tenha custado o preço de um centroavante de nível internacional. Ele pode mudar isso, é claro, mas não dá sinais e segue como um fiasco. Você crê numa virada?
Cristovão Borges já fazia um tremendo trabalho no Vasco, onde foi perseguido injustamente por parte da torcida. Passou um tempo fora do mercado até que o Bahia foi buscá-lo. Os resultados são excelentes. De candidato ao rebaixamento o tricolor agora sonha mais alto, ainda mais depois os 3 a 0 sobre o Flamengo. Pouco a pouco vislumbra algo maior na Série A.
Sim, Héber Roberto Lopes errou ao validar o segundo gol, mas não há como contestar o categórico triunfo do time de Salvador. Rubro-negros e tricolores foram mais de 29 mil no estádio com ingressos (inteira) a partir de R$ 60. O risco que corre o Bahia? Outros clubes crescerem os olhos e tentarem lhe tirar o técnico. E é bom manter os pés no chão. O campeonato ainda nem chegou à metade.
Barcos em ação contra o Corinthians: dois desarmes, oito perdas de bola, uma finalização errada, duas faltas cometidas, 12 passes certos em 87 minutos. A forma como o Grêmio lutou para tê-lo foi desproporcional ao futebol apresentado. Em várias ocasiões. Inclusive na derrota no Pacaembu.
Ainda sobre o tricolor, o repórter Eduardo Affonso, da Rádio Capital/Futebol ESPN, observou que dirigentes reclamavam no pós-jogo da herança deixada por Vanderlei Luxemburgo. Há jogadores caros pedidos pelo técnico que estão encostados. Mas não foram eles que renovaram o contrato?
Falei e escrevi em temporadas anteriores e vou repetir: clubes brasileiros que ganham a Copa Libertadores dão aos seus técnicos e jogadores uma licença para perder. Tudo à espera de um adversário europeu nem aí… O Galo não ganha o Brasileiro desde 1971. Não entendo como um clube em tal situação possa esnobar a chance de um título assim. E ela existe(ia).
Após os reservas serem goleados pelo Cruzeiro por 4 a 1, o Atlético perdeu como mandante após 54 jogos (44 vitórias). Não era derrotado em casa desde 28 de agosto de 2011. Outro Atlético, o Paranaense, impôs ao campeão sul-americano o primeiro revés em 39 pelejas no estádio Independência. Caiu no horto… não está mais morto.
Param tudo, desprezam o mais importante campeonato do país e ficam meses esperando um duelo com o campeão europeu, que joga aquele torneio da Fifa como mero compromisso protocolar. Para eles vale tanto, ou menos, que as Supercopas dos seus países. Enquanto isso, sul-americanos interrompem tudo pensando no tal jogo. Que tal valorizar mais as disputas daqui?
Ok, é legal jogar contra um time vencedor da Champions League, mas não dá para participar do Brasileirão pra valer? E quando chegar a hora, aí sim, o time brasileiro vai lá e vê no que dá um duelo contra o campeão do principal torneio de clubes do planeta? Qual a lei que obriga times daqui a ficarem nesse ritmo em tantos jogos com ingressos tão caros?
Cômodo para técnicos e atletas, que passam meses num marasmo de raras cobranças por causa de uma partida. Que nem sempre tem final feliz para o campeão da Libertadores, como em 2007, 2008, 2009, 2010 (quando nem aconteceu o confronto continental) e 2011. Em oito temporadas no atual formato, os europeus, mesmo sem ligar tanto para aquilo, venceram em cinco ocasiões.
Ainda há chance para que o Galo de Cuca faça algo diferente.
Fonte: Blog do Mauro Cezar Pereira