Os clubes brasileiros não primam pelo corporativismo e cada um defende apenas o seu interesse, numa atitude individualista, que joga contra o futebol brasileiro. O maior exemplo disso é a revolta das agremiações com os corriqueiros erros de arbitragem.
Quando se é vítima, a revolta vem à tona e o chilique é enorme. O árbitro tem seu nome jogado na berlinda e o clube rival é visto como o vilão, o qual faz parte de um esquema de bastidores para vencer a competição.
No entanto, quando o erro é a favor, a ordem é desconversar ou se calar. O erro que prejudicou o espetáculo e jogou contra a lisura da competição não é ressaltado pelo beneficiado. Já do outro lado, a revolta surge no mesmo tom de indignação e com as mesmas acusações de complô e por aí vai.
Se os clubes brasileiros fossem unidos e pensassem menos em si o futebol brasileiro seria mais forte. A modalidade estaria num outro patamar bem mais profissional.
Esse individualismo dos clubes joga contra as agremiações e derruba o futebol. O amadorismo dita o ritmo dos dirigentes brasileiros e, infelizmente, faz com que o futebol não evolua por aqui.
O Corinthians venceu o Coritiba neste domingo por 1 a 0, gol de Guerrero, de pênalti. A penalidade marcada pelo árbitro Péricles Bassols de Luccas Claro sobre Danilo não aconteceu. A jogada foi normal e o árbitro teve uma interpretação equivocada do lance.
A revolta paranaense foi enorme após o jogo e deve prosseguir no dia de hoje. No entanto, a mesma revolta não foi vista no meio da semana passada, quando o Coxa conseguiu o gol de empate diante da Portuguesa, em casa, nos descontos, com um gol em impedimento de Bill.
Isso prova que os clubes vivem numa redoma, onde cada um se preocupa apenas com a sua situação. Uma atitude insensata, sobretudo pelo fato das agremiações estarem no mesmo barco.
Quanto mais o espetáculo primar pela qualidade técnica e organização, os clubes sairão ganhando. Todos, sem exceção.
No caso da arbitragem, os clubes se unindo na busca peça profissionalização da categoria faria com que os erros diminuíssem e o espetáculo melhorasse. Todos ganhariam.
Mas o que vimos é o oposto. O clube que foi vítima da arbitragem na última rodada será beneficiado na próxima e o futebol seguirá assim por aqui. O que resta aos clubes é torcer para que o número de erros seja maior para a sua agremiação. Desta forma terá levado vantagem sobre os demais rivais e isso é o que importa.
A atitude dos dirigentes brasileiros é o reflexo do que acompanhamos no dia a dia da população, cujo cidadão está cada vez mais individualista diante das mazelas que assolam o cotidiano das pessoas e prejudicam a todos, sem exceção.
Passou da hora de os clubes se unirem na busca pela profissionalização dos árbitros. Muitos dos erros acontecem pela fragilidade técnica do profissional. Só com a categoria deixando o amadorismo e passando a ser tratada com a atenção que o futebol moderno exige teremos um futebol melhor, com menos erros de arbitragem e consequentemente menos polêmicas e insinuações de armação de resultados.
Vale ressaltar que o carioca Péricles Bassols, que errou contra o Coritiba, e o mineiro Ricardo Marques Ribeiro (Fifa/MG), que errou também no jogo entre Flamengo e São Paulo, ao marcar um pênalti inexistente a favor do Tricolor, são dois árbitros que carregam no uniforme o escudo da Fifa.
Isso prova o erro de avaliação da comissão nacional de arbitragem, uma vez que ambos os juízes demonstram fragilidade na parte técnica e disciplinar. A polêmica sempre acompanha o trabalho de ambos.
Coritiba e Corinthians e Flamengo e São Paulo deveriam se unir e brigar pelo afastamento dos homens de preto. Ou melhor, convocar os demais clubes e propor uma mudança radical para a CBF.
O fato é que a arbitragem vai errar contra o seu clube na próxima rodada. Reclamar quando prejudicado e silenciar quando beneficiado é uma atitude tacanha e que apequena ainda mais o futebol brasileiro.
Fonte: Terceiro Tempo