Os clubes brasileiros podem usufruir, desde 2007, de uma lei de incentivo que torna o “contribuinte-torcedor” um financiador dos esportes olímpicos. Os torcedores podem destinar até 6% de seu imposto de renda para financiar modalidades olímpicas. O único porém é que, para apresentar projetos que captem esse recursos, é preciso ter certidões negativas de débito, o que muitos dos grandes clubes do país não têm. No caso do Flamengo, por exemplo, ela foi conquistada há seis meses. Grêmio, Internacional e São Paulo também possuem projetos aprovados pelo Ministério do Esporte, e a expectativa é que isso se torne mais comum.
– Os clubes, para apresentarem projetos, como todas as entidades esportivas, precisam ter certidões negativas de débito. Essa é uma questão central que, às vezes, barra o projeto na entrada – ressalta Paulo Vieira, coordenador-geral da Lei de Incentivo ao Esporte.
Até abril, era exatamente esse problema que emperrava os projetos do Flamengo. No início do ano, a diretoria então recém-eleita decidiu enxugar o orçamento e encerrar as equipes adultas de natação, ginástica e judô. Foram pagos mais de R$ 50 milhões em dívidas fiscais no primeiro semestre para conseguir as tão sonhadas certidões negativas de débito. O próximo passo é atrair o contribuinte-torcedor.
– O grande desafio agora é fazer a captação. Para pessoa física vamos fazer uma campanha a partir de outubro, uma campanha nacional, para que os rubro-negros que tenham o imposto de renda devido possam colaborar com esse grande projeto olímpico, doando 6% do imposto de renda para os nossos projetos – diz Marcelo Vido, diretor de esportes olímpicos do Flamengo.
O Flamengo tem hoje cinco projetos aprovados, três pelo governo federal e dois pelo governo estadual, que compreendem 11 modalidades olímpicas, e o clube carioca pode arrecadar investimentos que ultrapassam os R$ 23 milhões. No São Paulo, muitas crianças já são beneficiadas por essa medida de incentivo.
– O São Paulo, três anos atrás, decidiu colocar na cabeça que deveria fazer esse projeto. Com ele, fizemos uma pista de primeira geração, e o São Paulo desde então tem colocado 300 crianças aqui dentro (do Morumbi). E ainda tem curso de inglês, nutricionista, dentista. Essa é a grande coisa que o São Paulo vê, que o clube faz parte da sociedade e é importante. O Brasil tem que ter isso em todos os clubes – destaca Roberto Natel, vice-presidente Social e de Esportes Amadores do São Paulo.
Apesar de o futebol nunca ter dado uma medalha de ouro olímpica, pode ajudar a financiar outros esportes que tragam importantes conquistas para o país nos Jogos Olímpicos.
– Já foram autorizados R$ 2,9 bilhões, captados R$ 870 milhões desde a existência da lei, que é de 2007. Isso é dinheiro novo no esporte, não é dinheiro qualquer. R$ 870 milhões é muito dinheiro, e um dinheiro que já está sendo entregue ao esporte – conclui Paulo Vieira, coordenador-geral da Lei de Incentivo ao Esporte.
Fonte: SporTV