Uma das grandes promessas da atual diretoria do Flamengo não tem sido cumprida integralmente menos de um ano após a posse do presidente Eduardo Bandeira de Mello. Os salários de profissionais de todos os esportes de alto rendimento do clube – futebol, basquete e remo -, onde há investimento e contratações, estão atrasados. Os casos são distintos, mas têm afetado diversos funcionários e provocaram até mesmo a renúncia do ex-vice-presidente de Remo José Maria Sobrinho.
O departamento de futebol convive com o menor atraso: são dois meses de direito de imagem sem pagamentos regulares. O contrato representa a maior parte dos vencimentos do elenco, que recebe o restante em carteira assinada. Os dirigentes têm conversado com o grupo para explicar a situação e utilizado algumas premiações para minimizar a insatisfação.
No basquete, julho, agosto e setembro estão atrasados. Além disso, o prêmio pelo título do NBB (equivalente a um salário) não foi pago. E no mês de junho, os jogadores e a comissão técnica receberam apenas parte dos seus vencimentos. No remo, os atletas chegaram a ficar cinco meses sem pagamento, mas um mês foi quitado na última semana, aliviando um pouco a situação que causou a renúncia do vice da pasta.
O Flamengo reconheceu as dívidas e disse que o assunto está sendo tratado internamente. A questão dos atrasados no remo deve ser resolvida até o final do ano, segundo o clube carioca. Em relação ao basquete, o Flamengo informou que está em processo final de trâmites burocráticos para liberar a verba de patrocínio da TIM, via lei de incentivo. A previsão é que estes recursos – R$ 8 milhões por um ano – comecem a entrar na conta do clube até o final de outubro.
A questão do futebol ainda não foi equacionada. O clube tenta um adiantamento de receitas de aproximadamente R$ 25 milhões com o concessionária que administra o Maracanã. A verba seria descontada posteriormente das rendas obtidas em bilheterias no estádio carioca. O time da Gávea, porém, ainda não assinou novo contrato para jogar na arena por mais três anos e a questão tem sido discutida pelos conselhos Fiscal e Deliberativo.
A chapa Azul, eleita em dezembro do ano passado, tinha como principal bandeira regularizar a situação financeira do Flamengo. O time carioca pagou R$ 40 milhões em débitos tributários à vista e parcelou o restante, conseguindo as CNDs (Certidões Negativas de Débito). Porém, novas penhoras e atrasos em repasses de verbas de patrocínio da Caixa voltaram a atrapalhar o fluxo de dinheiro.
O departamento jurídico do Flamengo luta na Justiça contra o Consórcio Plaza por conta de uma dívida de mais de R$ 60 milhões, responsável pelo bloqueio de algumas receitas. A empresa arrendaria a sede da Gávea por 25 anos em 1996 para construir um shopping, mas o projeto nunca foi executado. O time carioca utilizou um adiantamento de R$ 6 milhões na contratação do ex-atacante Edmundo e alega no processo que a verba foi doada, não emprestada.
As partes tentaram um acordo em 2010, com a cessão de um edifício no Morro da Viúva, por 13 anos, mas o local era habitado e a proposta foi vetada. O Flamengo perdeu o processo em primeira e segunda instâncias, mas ainda poderá recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília.
Fonte: UOL