Contratado para ser o camisa 10, o craque do time, expectativa inoportunamente criada pela diretoria do Flamengo, Carlos Eduardo decepcionou o rótulo de reforço de peso. Em um ano de corte de gastos, os dirigentes rubro-negros vibraram por terem conseguido um empréstimo sem custos do meio-campista junto ao Rubin Kazan, da Rússia. Após dois anos convivendo com lesões, o discurso foi, justificadamente, de que seria preciso dar um tempo para o jogador recuperar sua forma física e o ritmo de jogo. Passados nove meses, já houve tempo mais do que suficiente para Carlos Eduardo mostrar todo o futebol que seu começo de carreira no Grêmio indicava ser promissor. Mas não conseguiu, pois, entre outras coisas, não mostrou comprometimento.
Entra técnico e sai técnico – e já são quatro na temporada – Carlos Eduardo segue tendo oportunidades no Flamengo, diferentemente do que ocorre com jogadores mais jovens formados na base do clube. De repente, surge a notícia de que o Flamengo quer devolvê-lo. Seria um ato totalmente justo, considerando-se o desempenho pífio do atleta. Mas, retomando o discurso que a atual diretoria fez quando foi eleita no fim do ano passado, o clube tem que honrar com seus compromissos. Assim como Carlos Eduardo desonrou com seu dever de trabalhar firme para se recuperar fisicamente, ao se exceder nas festas da noite carioca, o Flamengo não cumpriu a promessa de manter em dia o pagamento do astronômico salário do jogador, estipulado pela disputa insana com outros clubes por sua contratação no início do ano. Se o contrato o de empréstimo foi assinado até o meio de 2014, o clube terá de respeitá-lo ou combinar com os russos.
O que também deslegitima a intenção do Flamengo de se desfazer do jogador é o fato de que, apesar das seguidas apresentações ruins, ele permanece como titular do time. Se ele está tão mal assim – e realmente está -, por que ainda é escalado? Para servir como escudo contra a responsabilização de todo o elenco, técnicos e dirigentes? A maior punição que um atleta pode receber é ficar sem jogar. Para deixar claro que Carlos Eduardo não interessa mais, ele tem de ser afastado dos jogos, para, se quiser, pedir para sair antes do término do contrato. Mas enquanto ele, ou qualquer outro jogador, estiver jogando – bem ou mal – sem estar recebendo em dia, não dá para culpar ninguém se não os dirigentes.
Fonte: Lanceativo