O passeio do Flamengo começou na inteligência de assumir limitações, agrupar jogadores e explorar a péssima noite do Botafogo.
No 4-4-2 que Jayme vem adotando, o time joga de forma semelhante, não igual ao Fla de Mano: saídas rápidas com Paulinho na esquerda, compactação das duas linhas e movimentação de Carlos Eduardo no ataque. Pela direita, Léo Moura deu timing no apoio e na parceria com Elias, que pra fecha pela direita, ora apoia pelo meio e entra na área.
Marcação ajustada e coordenada que deu a posse ao Botafogo, mas retirou qualquer ímpeto ofensivo do Glorioso. No 4-2-3-1 de Oswaldo, a constante troca e inversão dos meias aconteceu, mas faltou o apoio de Edílson e Júlio César para as jogadas de linha de fundo.
Faltou também Gabriel, volante que colabora na saída de bola. Com Renato o jogo ficou lento e o Bota, mesmo tentando avançar as linhas, encontrava dificuldades porque atacava com apenas 4 jogadores, geralmente dispostos num quadrado. Com poucos homens no ataque, natural que o Flamengo ganhasse os rebotes e explorasse os espaços.
Seedorf até teve espaço na esquerda, mas de nada adiantou com companheiros bem marcados e presos nas duas linhas rubro-negras. Resultado: o Botafogo trocou 234 passes e até errou pouco (29), mas chutou apenas 3 vezes a gol.
Na defesa o Botafogo também fez jogo ruim. Seus meias não voltavam, os volantes deixava espaços e geralmente se uniam a zaga, fazendo com que Carlos Eduardo e Elias encontrassem espaços. Mas o jogador chave do ataque do Flamengo foi Paulinho, múltiplo entre proteger André Santos e ir para cima de Gilberto. Como mostra o heat map do primeiro tempo, o jogador ocupou o corredor pelo flanco e atuou mais onde Gilberto estava. Ajudou o Fla a finalizar 8 vezes, mesmo com 45% de posse e apenas 139 passes na primeira etapa.
Os 2×0 no primeiro tempo desmorou o já emocionalmente frágil Botafogo. Quando teve os 11 em campo, Oswaldo repaginou a equipe num 4-2-2-2 “torto”, com Rafa Marques tentando acompanhar Sassá na área, Seedorf tentando explorar as costas de André na esquerda e Lodeiro se movimentando. Mas novamente faltou a compactação do meio e o preço da ousadia foi cara: 2 gols e um pênalti de Dória que enterrou uma possível reação.
O Flamengo passou a administrar o confronto e, mesmo cansado, não chegou a ser ameaçado pelo Bota. Atuação histórica que supera os 3×0 de 1992.
Para Oswaldo de Oliveira, o abatimento após o primeiro gol foi fator chave para a derrota: “A partir daquele momento vi que nossa equipe sentiu e não conseguiu se equilibrar. Levou o segundo gol. O Flamengo joga dessa forma e foi feliz na sua estratégia. Tentei no intevalo ter presença na área e qualidade no meio para fazer a bola chegar. Por isso tirei o Marcelo Mattos. Infelizmente não surtiu o efeito.”
Para Jayme de Almeida, mudanças simples , certeiras e de atitude: “A opção de passar o Paulinho para a esquerda foi para aliviar o André, e colocamos o Elias fechando o caminho pela direita. Pensamos, treinamos cinco minutos, e o time fez muito bem. O Paulinho taticamente foi fantástico. (…) fizemos um treinamento tático muito rápido, mas, quando as pessoas estão determinadas a fazer, fazem.”
O Flamengo joga o que Mano pensa de futebol, mas só Jayme conseguiu colocar na cabeça dos jogadores. E com mais um inteiro pode trilhar um caminho de sucesso contra Goiás ou Vasco.
Fonte: Blog Painel Tático