Versão conflitante e sem explicações complicam Patrícia Amorim no Flamengo.

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Há quase um ano fora da diretoria do clube, a ex-presidente do Flamengo Patricia Amorim não terá vida fácil nos próximos dias na Gávea. Apesar de seu depoimento à comissão de inquérito instaurada na Gávea para apurar os erros das contas reprovadas de 2011 ter sido considerado inicialmente satisfatório, o parecer final da investigação tomou caminho oposto. Ao mesmo tempo, colocou em direções opostas a ex-presidente e o ex-vice de finanças do clube, Michel Levy.

O parecer será votado na próxima terça-feira pelo Conselho Deliberativo, na Gávea. Caso seja aprovado, Patricia, Levy, o ex-presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, o Capitão Léo, além do sócio emérito e ex-controller (responsável pela movimentação financeira) William Pereira dos Santos pode sofrer punições que levam de suspensão à exclusão do quadro de sócios. Em fevereiro deste ano, o Conselho Deliberativo do clube reprovou as contas de 2011 pela falta de classificação de um montante de R$ 40 milhões. Durante o trabalho de uma auditoria independente para avaliar o balanço financeiro, a comissão de inquérito encontrou evidências para graves acusações.
No artigo 7 do parecer há detalhes sobre o processo utilizado na Gávea durante a gestão de Patricia Amorim. A cada necessidade de verba para uma despesa ordinária, o vice-presidente da pasta responsável pedia à vice-presidência financeira, comandada por Michel Levy, a liberação por meio de uma comunicação interna apenas com uma rubrica. A prestação de contas ocorreria posteriormente, mas, em alguns casos, deixou de existir. De acordo com o parecer, essa prática foi denominada “adiantamento a ocorrer de despesas”.
Apenas estas ações resultaram em um valor de R$ 7.272.312.53 sem comprovação, o que levou ao pedido de demissão do então contador do clube, Rogério Tosca da Encarnação. Em dezembro de 2012, ele relatou ao ESPN.com.br as dificuldades encontradas durante o trabalho na gestão financeira do clube. A gravidade aumenta quando o parecer informa que notas fiscais referentes a festas de funcionários dos anos 2010 e 2011 são justificadas com documentação datada de 29 de março de 1994 – ou ao menos 16 anos antes.
Em determinado trecho, o parecer escancara as distintas versões dos depoimentos de Patricia Amorim e Michel Levy. Enquanto a primeira garantiu não saber do procedimento para liberação de verbas sem comprovação, o segundo afirmou que a então presidente contribuiu para o agravamento da situação ao determinar mesmas ações.
“7.1.7- depurou-se, igualmente, total desapego à probidade administrativa por parte daqueles que deveriam zelar pelo patrimônio financeiro do clube, na medida em que os vp emissores da comunicações internas quedaram-se inertes relativamente às prestações de contas a cargo de seus departamentos enquanto a vp financeira seguia liberando verbas pelo mesmo procedimento adotado, ainda que as necessárias comprovações dos adiantamentos anteriormente realizados não tivessem ocorrido, cabendo especial reprimenda quanto a conduta da então presidência do flamengo que expressamente em seu depoimento admiti desconhecer deste tipo de procedimento fincaneiro do clube, ainda que seja a principal responsável pela administração do clube, tendo a meso, inclusive, segundo depoimento de seu próprio vp financeiro, contribuído para o agravamento da situação ao determinar por diversas ocasiões a realização de pagamentos sem a devida comprovação documental.”
No parecer ainda é citado o fato de que várias baixas na contabilidade do clube foram realizadas pelo ex-controller William Pereira dos Santos sem a devida comprovação, totalizando R$ 599.808,32. Neste ponto, o parecer é duro quanto à atitude do funcionário.
“7.1.9- observou-se ainda, a tentativa, por parte do mesmo controller em retificar o balanço patrimonial de 2011 a ser assinado pelo contador do clube, que se recusou a fazê-lo em face da inexistência da documentação comprobatória, o que evidencia tentativa de encobrir os vestigios das irregularidades apontadas.”
O documento, por fim, aponta que R$ 1.636.704,44 continuam sem a devida comprovação, o que ” demonstra de forma inequívoca a existência de irresponsabilidade contábeis/financeira, perpetradas no exercício de 2011.” Nos bastidores da Gávea, os acusados se movimentam para que o parecer da comissão de inquérito não seja aprovado na reunião do Conselho Deliberativo, na próxima terça-feira. Caso o documento tenha o crivo do Poder, os acusados poderão ser punidos com suspensão ou até mesmo exclusão do quadro social do Flamengo.

Fonte: ESPN
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