Vivíamos um misto de sentimentos no início do ano. De um lado, a justa euforia pela eleição de um grupo que nos apresentava, enfim, o caminho da gestão responsável e profissional que tanta falta fez ao Flamengo durante todos esses anos. Do outro, contudo, a promessa de um ano de reestruturação, calcado numa política austera que privilegiasse, nesse primeiro momento, a equalização das dívidas, a reboque da volta da credibilidade, tão arranhada por seguidas administrações absolutamente despreparadas e, por vezes, mal intencionadas.
Essa dualidade de sentimentos perdurava, na medida em que, devido a elevadíssima capacidade técnica de determinadas áreas, como a jurídica, apenas a título de exemplo, nosso clube alcançava vitórias extremamente improváveis e brilhantes, no curto de espaço de tempo, tal qual a façanha das certidões negativas. Em contrapartida, a inexperiência no que, indubitavelmente, pode ser considerado o carro chefe de qualquer grande clube – o futebol – provocava os primeiros sinais de insatisfação e falta de paciência. Seria uma triste e injusta ironia que o Flamengo chafurdasse no submundo da Série B, logo em sua primeira gestão verdadeiramente preparada para administrar um clube de futebol moderno.
Foi então que o maior patrimônio do Clube Mais Querido desse país resolveu entrar em cena e ajudou a reescrever a história de um ano, aparentemente, já fadado ao fracasso. Escrevo isso, pois não há outra explicação que descreva de forma racional a épica vitória, no Maracanã, contra o Cruzeiro, indiscutivelmente, o melhor time do ano, no Brasil. Apenas a torcida e a mística da camisa rubro-negra seriam capazes de feito tão improvável.
Em seguida, adversários igualmente difíceis e superiores, do ponto de vista técnico, foram se enfileirando e, impiedosamente, atropelados pela trinca mais aterrorizante que há nesse esporte: Flamengo, Maracanã e Torcida. Agora, aqui, estamos a um passo da conquista de nossa terceira Copa do Brasil, que virá a coroar esse novo grupo de profissionais, que entre erros e acertos – mais acertos do que erros – vem ajudando a resgatar o orgulho rubro-negro, adormecido e tão judiado após anos e anos de administrações nocivas, que tentaram, mas não conseguiram destruir o maior clube desse universo.
Rodrigo Pimenta