Neste fim de semana será realizada a última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013. O Flamengo fará um jogo de festa no sábado, de campeão contra campeão, onde trocarão faixas, exporão as taças da Copa do Brasil e Brasileirão, provavelmente antecedido de shows para um grande público. Mas a melhor parte do fim de semana foi guardada para o domingo, em que nossos maiores rivais jogarão a vida e o futuro próximo no mesmo horário.
Na parte de cima da tabela, o Botafogo disputa uma vaga para a Libertadores. Segundo o matemático Oswald de Souza, as chances de classificação são de 47%. Já Tristão Garcia é bem mais pessimista: aponta apenas 30% de chances para o time de General Severiano. Acontece que, na prática, as coisas são bem mais difíceis: o Botafogo joga em casa contra o Criciúma (que ainda precisa de pelo menos um ponto para escapar matematicamente do rebaixamento) e tem que torcer contra o Goiás (que joga também em casa contra o Santos, que não disputa nada) e contra o Atlético-PR (que joga contra o desesperado Vasco, em Curitiba). Além disso, caso a Ponte Preta vença a Copa Sulamericana, a quarta vaga do Brasileirão deixa de existir, o que eliminaria o Botafogo, mesmo com os resultados sendo favoráveis. Ou seja, mesmo que fique em quarto lugar no domingo, terá que secar a Ponte Preta na quarta-feira. Definitivamente, coisa de time pequeno e incompetente (e lembrar que a diretoria do Botafogo já está contando com o dinheiro da Libertadores em sua receita para 2014).
Na parte de baixo da tabela o desespero dos rivais é bem maior: Vasco e Fluminense lutam contra o rebaixamento, porém um deles já está rebaixado (resta saber quem é e se irá para a segundona sozinho ou acompanhado do outro carioca). As chances matemáticas de rebaixamento do Fluminense estão entre 80 e 87%, segundo os matemáticos. Caso Vasco ou Coritiba vençam, estará rebaixado. Caso não vença o Bahia, fora de casa, idem. A minha impressão é que, finalmente, o tricolor pagará a dívida mais antiga do futebol brasileiro: a Série B que pulou em 2000, com 14 anos de atraso.
Já o Vasco tem chances menores de ser rebaixado, porém a situação também não é boa: precisa vencer o Atlético-PR fora de casa (algo que apenas o Vitória conseguiu) e torcer para que Coritiba não vença ou que o Criciúma perca. Se não vencer, estará rebaixado. E a vitória do Vasco, consequentemente, ajudará o Botafogo. Então teremos que ser “Atlético-PR desde criança” (ainda mais depois que eles nos proporcionaram o título mais fácil dos últimos anos). Nosso vice da Copa do Brasil poderá matar nossos dois vices favoritos com uma cajadada só.
Porém, o Brasileirão 2013 pode não terminar no fim de semana. Num primeiro momento Vasco e Fluminense tentaram, nos bastidores, fazer com que adversários perdessem pontos por supostamente terem excedido o número de contratações para a competição. Desistiram ao perceberem que não teriam apoio sequer entre seus torcedores. Depois veio o caso “Júlio Baptista”, numa suposta facilitação na vitória (que ainda dará muito “pano pra manga”).
Aparentemente nenhuma das situações tem respaldo jurídico, muito menos apoio popular. Os envolvidos no Vasco 2×1 Cruzeiro, da 36ª rodada, se explicaram de forma convincente; Fluminense e Vasco desistiram de processar Portuguesa, Criciúma e Coritiba por possível irregularidade na compra de jogadores. Mas nada impede que alguém entre na justiça e arraste uma decisão para além do início do Brasileirão 2014, lembrando o que aconteceu em 1999, com Botafogo e Gama-DF (obrigando a CBF a abrir mão da organização do Campeonato Brasileiro e criando a “monstrenga” Copa João Havelange 2000).
Esperamos um bom final de semana (principalmente para nós flamenguistas). Que o Mengão carimbe a faixa do campeão brasileiro; que Hernane faça seu hat-trick; que o Botafogo fique novamente no quase; e que Vasco e Fluminense tenham uma boa segunda (com o perdão do trocadilho).
E que o futebol brasileiro não permita mais uma virada de mesa (a terceira do Fluminense), que envergonha e enfraquece nosso esporte.
Bom final de semana a todos os flamenguistas. SRN.
Daniel Mercer