Quem ouvia o diretor de marketing do Flamengo, Fred Luz, falar em uma palestra no seminário de futebol organizado por Carlos Alberto Parreira no início do mês se espantava. Ele vislumbrava, em sua apresentação, um Flamengo com algo entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão de receita anual bruta. É um sonho distante – já que a de 2012, por exemplo, foi em torno de R$ 212 milhões – bem como a desobstrução dos caminhos para quem sabe um dia se aproximar dessa meta.
O acordo por 35 anos com o Maracanã ainda está longe de ser fechado, e Luz chegou a ser questionado com insistência por Parreira ao final da palestra sobre a construção de uma arena sua. O dirigente afirmou que os números atuais da parceria com a concessionária do Maracanã fazem com que seja “relativamente melhor para o Flamengo construir um estádio próprio”, mas ressaltou que sem um patrocinador não é viável pensar nessa possibilidade.
– O Flamengo não tem como fazer um estádio próprio hoje. Mas, como o Parreira falou, surgem propostas de investimentos no Flamengo. Até agora nenhuma se viabilizou, mas a qualquer momento isso pode vir a acontecer. Eu acredito, mas é questão pessoal, que vamos, nesse processo que estamos conduzindo com o Maracanã, chegar a algum acordo com eles que permita ficar por um longo prazo lá. Mas ainda estamos distantes.
Luz indicou também que a política de preços tende a acompanhar o nível do time que a diretoria conseguir colocar em campo. Fazer “o jogo valer mais” foi um dos caminhos apontados pelo dirigente para que o clube possa um dia chegar ao nível sonhado de receita.
– Eu acho que (conseguiríamos isso) via programas comerciais, redes de produtos, redes de lojas, o programa de sócio-torcedor, a melhora da qualidade dos jogos. Com a melhora do elenco, o jogo passa a valer mais.
Indagado se o processo para chegar a essa projeção de receita passaria obrigatoriamente pela construção de um estádio próprio, ele deu sua explicação.
– Não necessariamente, é perfeitamente viável ser feito dentro de uma negociação com o Maracanã – afirmou, definindo como harmônica a relação atual com a concessionária. – Estamos em um processo de aprendizado mútuo. O que no início era uma visão quase que antagônica hoje não existe mais. Estamos conseguindo ir acompanhando, testando os números para evoluir no processo. É claro que, da nossa perspectiva, o Maracanã ainda é muito caro. Mas isso não quer dizer que a concessionária esteja cobrando demais. Tem de haver um processo de aprendizado da geração de valor conjunto para ver com o que cada um vai ficar no final dessa história.
Fonte: GE