Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Flamengo e Botafogo começaram o ano atuando com os jogadores reservas nos campeonatos estaduais. A intenção é poupar ao máximo os titulares e prolongar a pré-temporada para se preparar melhor para a Copa Libertadores. Essa decisão pode render frutos às equipes ou é um equívoco? Debata conosco no Jornal dos Técnicos!
Só jogadores inteiros ganham títulos
Os clubes classificados para a Libertadores que estão preservando seus atletas para garantir uma pré-temporada maior conseguem atingir dois coelhos com uma cajadada só: preservam a saúde dos atletas e, com isso, têm chances maiores de um bom desempenho técnico e tático dentro de campo.
Pesquisas na área da fisiologia e medicina do esporte indicam que o desrespeito ao período de quatro a seis semanas na pré-temporada impede que os atletas sustentem, em alto nível, as exigências de uma temporada longa e intensa. Um levantamento da Universidade do Futebol mostra a diferença entre Brasil e Europa na duração da pré-temporada. No ano passado, o Bayern de Munique, vencedor da Copa dos Campeões, teve uma distância de 56 dias entre o último jogo da temporada anterior e a primeira partida da seguinte. No Brasil, o Atlético Mineiro, campeão da Taça Libertadores, teve uma folga de apenas 22 dias. Além dos intervalos entre os jogos, é preciso levar em conta também as longas viagens que estão associadas à sequência de jogos, que dificultam a recuperação completa dos jogadores.
Essa diferença, obviamente, reflete-se na qualidade das partidas, que se tornam menos atraentes, e no rendimento dos jogadores, sempre cansados. Para a disputar a Libertadores, o torneio mais importante do ano para a maioria dos clubes brasileiros, é preciso recuperar e preparar os atletas, deixando os inexpressivos torneios regionais para as equipes mistas e até para os juniores. O primeiro passo para a construção de um bom time é ter jogadores inteiros.
Preservar jogadores não é sinônimo de sucesso
É fato que a pré-temporada dos clubes brasileiros é curtíssima, mas preservar os jogadores nas primeiras rodadas dos campeonatos estaduais não é sinônimo de sucesso nas Libertadores e a história comprova. Isso porque é comum os treinadores colocarem a culpa de estreias apáticas no torneio continental na falta de ritmo dos atletas, que muitas vezes ficam mais de dois meses sem jogar.
Penso que o melhor, nesses casos, é saber dosar jogos com descanso. Jogador precisa jogar. E precisa de descanso também. Por isso a necessidade desse equilíbrio.
Nesse ritmo frenético dos Estaduais, com partidas toda quarta-feira e todo domingo, é impossível o atleta que acabou de voltar de férias conseguir manter o ritmo por muito tempo e ainda escapar de lesões. Assim, o ideal é ir ganhando ritmo aos poucos para chegar bem na Libertadores.
Outro fato importante a favor da escalação dos titulares nas primeiras rodadas do ano é o entrosamento. Com a contratação de novos jogadores nesse início de temporada, é comum os atletas enfrentarem problemas de adaptação. Sem peso e importância, os Estaduais servem para os treinadores azeitarem o time justamente para a Libertadores, por isso não dá para esperar a competição principal chegar e, aí sim, levar os atletas a campo.
Fonte: Estadão