A saída de Hernane do Flamengo virou conto das arábias. E, a partir de agora, o Rubro-negro – que no papel recebeu apenas a primeira proposta do Al Jazira de 3, 5 milhões de euros ainda em dezembro (a segunda, de 6, 5 milhões de euros não chegou a ser formalizada) – dará compensações financeiras para que o atacante siga honrando o apelido de Brocador. O camisa 9 terá um reajuste salarial – atualmente recebe R$ 120 mil (R$ 88 mil líquidos), menos da metade do que Alecsandro chegou recebendo -, mas o principal acréscimo nos vencimentos terá que sair dos pés dele próprio. O Rubro-Negro prepara uma série de bonificações por gols, artilharias e metas atingidas.
O novo acordo ainda será discutido entre a diretoria e o empresário Paulo Pitombeira, e irá ao encontro daquela que é a conduta que o Rubro-Negro pretende utilizar para renovações daqui para frente. Com uma linha similar à utilizada por muitas empresas, aumentos por rendimento seguirão acontecendo, mas não drasticamente, o que só será possível paralelamente ao crescimento de performance.
Sem abordar diretamente o caso Hernane, o vice-presidente de finanças, Rodrigo Tostes, explicou a teoria. Para o dirigente, esta é uma forma de valorizar o desempenho do atleta e, ao mesmo tempo, blindar o clube de contratos com valores estratosféricos, comuns em gestões anteriores e que tiveram grande participação na dívida de R$ 750 milhões identificada em 2013.
– Citando de forma genérica, um atleta joga seis meses bem, consegue um título e quer discutir um aumento. O mesmo joga 12 meses mal, e não dá direito de rediscutir o salário para baixo. Por que tem que aumentar em um contrato de longo prazo e não posso reduzir se não teve a mesma performance? Me sinto responsável por administrar o dinheiro de sócios, sócios-torcedores, do cara que vai ao estádio… Então, a posição tem que ser a seguinte: cumprir o contrato, seja para bem ou para o mal. Temos que ter essa preocupação. É preciso criar uma estrutura onde se justifiquem os valores. Pode aumentar. Não há nenhum problema nisso, em um atleta que teve um ano muito acima da média receber bonificações. Assim, criam-se metas onde, se ele cumprir isso, isso e isso, vai ganhar mais. Mantém o atleta motivado. Isso é justo. Essa é uma lógica que precisa ser estabelecida.
A novela Hernane
A proposta do Al Jazira chegou à Gávea no dia 11 de dezembro, três dias após o fim do Brasileirão. Inicialmente, o valor de 3,5 milhões de euros foi rechaçado e logo a oferta teria aumentado para 6 milhões de euros (R$ 19,5 milhões). O Flamengo, porém, pediu e não obteve os novos valores no papel ou num email oficial do clube. Internamente, diante dos valores acordados em um segundo momento, a venda chegou até mesmo a ser dada como inevitável.
Mesmo depois do grande ano em 2013, o Flamengo, ao fim da temporada, não acenou com reajuste no salário. O atual contrato do Brocador vence em 2016. Na semana passada, diante do vazamento da proposta, o Rubro-Negro enviou por email uma possibilidade de reajuste para R$ 200 mil – ordenado bruto – mas passou a mapear o mercado em busca de substitutos. Foi aí que o camisa 9 recebeu adesão interna. Líderes do elenco chegaram a questionar internamente sobre a pouca valorização a Hernane.
Aos 27 anos, Hernane receberia 1,4 milhão de euros por temporada (cerca de R$ 4,5 milhões) no Al Jazira e teria direito a um bônus de 10 mil euros (R$ 32 mil) por gol marcado. Durante o período da negociação, o atacante seguiu treinando com o time no Ninho do Urubu e concentrado, sendo escalado entre os titulares no coletivo desta quarta-feira. Nesta quinta, o atacante também participou normalmente das atividades.
Fonte: GE