Em 2013, trabalharam nos quatro grandes clubes do Rio alguns dos treinadores mais badalados do futebol brasileiro: Paulo Autuori, no Vasco; Mano Menezes, no Flamengo; Abel Braga e Vanderlei Luxemburgo, no Fluminense, e Oswaldo de Oliveira, no Botafogo. Exceção feita ao último, que conquistou o Estadual e uma vaga na Libertadores, todos os demais fracassaram rotundamente. Foi uma temporada que deixou evidente quanto é, no mínimo, duvidoso o caríssimo investimento nos chamados técnicos de ponta.
E o fenômeno não se restringiu aos cariocas. Tite e Muricy Ramalho também não corresponderam às expectativas no ano que passou. O primeiro acabou deixando o Corinthians (onde conquistara tudo nas duas temporadas anteriores) e o segundo, após ser demitido no Santos (onde fora campeão da Libertadores, em 2011), até se recuperou um pouco no São Paulo (seu eterno lar), mas ainda assim ficou devendo, ao deixar escapar a Sul-Americana, numa eliminação dolorosa diante da fraca Ponte Preta.
Os grandes vitoriosos foram mesmo Marcelo Oliveira, com o Cruzeiro, e Cuca, com o Atlético Mineiro. Dois ótimos profissionais, mas que nem de longe eram considerados do “primeiro time” — aquele que cobra entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão de salários por mês e ainda carrega uma numerosa comissão técnica a tiracolo. Diante disso é extremamente saudável ver o Campeonato Carioca começar com o quarteto dos grandes sendo dirigido por gente de carne e osso, não pelos catedráticos que se julgam acima do bem e do mal e se consideram as maiores estrelas do espetáculo.
Jayme de Almeida, no Flamengo; Eduardo Húngaro, no Botafogo; Adílson Batista, no Vasco, e até mesmo Renato Gaúcho (que já é mais rodado), no Fluminense, são profissionais menos badalados e, por isso, mais afeitos a ideias novas — algo que o futebol brasileiro está precisando muito.
Hora da verdade
Dos “supertécnicos” supracitados, dois precisam urgentemente de bons resultados pra não perder o resto do prestígio que ainda têm: Autuori, que apesar das passagens desastrosas por Vasco e São Paulo, foi contratado para substituir Cuca, no Atlético Mineiro, e Mano Menezes, que após ser demitido da seleção brasileira, protagonizou um fiasco de proporções tsunâmicas no Flamengo e acabou retornando ao Corinthians. Detalhe: depois que ele saiu do scratch e do rubro-negro, ambos decolaram, o que depõe muito contra seu trabalho…
Limbo
Quem parece relegado ao ostracismo é Vanderlei Luxemburgo, que em 2013 conseguiu ser demitido duas vezes: no Grêmio e no Fluminense. Tal como Tite, que ao contrário dele, saiu em alta, está mais do que na hora de dar um tempo e se reciclar. Porque daquele treinador vitorioso, que conquistou cinco Brasileiros, pouco parece ter sobrado…
Imune
Quem conseguiu uma recuperação espetacular foi Scolari, o último dos dinossauros de pé. Após rebaixar o Palmeiras, Felipão parecia condenado. A volta por cima na seleção recuperou todo o seu prestígio, reforçando a impressão de que seu forte é mesmo competição de tiro curto e mata-mata. A Copa desse ano, entretanto, será seu teste final. Se vencê-la, entrará definitivamente no panteão dos maiores, por alcançar um bicampeonato mundial inédito entre os treinadores de seleção, na era do profissionalismo (antes dele, apenas o italiano Vittorio Pozzo conseguiu o bi, ganhando os Mundiais de 34 e 38, com a Itália). Mas se Scolari perder em casa…
Hermanos
Lucas Mugni é mais um argentino que o Fla contrata para resolver o problema do meio-campo. O último que veio com essa missão, Dario Bottinelli, fracassou. A relação dos sul-americanos que chegaram à Gávea, nos últimos anos, e não convenceram é extensa: além de Bottinelli, o chileno Fierro, o primo de Messi, Maxi Biancucci, Sambueza e por aí vai… Que eu me lembre, desde que me entendo por gente, ídolo mesmo só o argentino Doval, nos anos 70. E Petkovic, é claro. Mas Pet era sérvio…
Oremos
A contusão de Neymar deixou o Brasil de cabelos em pé. Ainda bem que não foi grave. Sem ele…
Fonte: Blog do Renato Maurício Prado