O campeonato estadual de 2014 mal começou e já se percebe que há uma divergência de opiniões entre os que se dizem torcedores “apaixonados de verdade” e os que se dizem “do povo”. O aumento dos preços dos ingressos foi um dos pontos polêmicos da administração dos “Carecas” que por mais que tenham buscado as melhores justificativas ainda não conseguem se livrar da acusação de que estão tentando “descaracterizar” a torcida do Flamengo.
De cara, abro logo um parêntese rápido, pois vejo que esse é um assunto que abre pra vários outros questionamentos como a interdição do Engenhão: um Estádio que até ano passado era palco dos clássicos cariocas é fechado pouco antes da estreia do Maracanã devido a problemas na cobertura, que poderia ceder a qualquer momento com ventos que ultrapassassem mais de 60Km/h (ou sei lá). Aí você tem um ano inteiro pra averiguar as melhores condições do estádio e tentar resolver o problema antes que a temporada de tempestades chegasse e (Deus nos livre!) uma tragédia acontecesse. Mas o que acontece? Nada. Eu passo ali quase todos os dias e aquilo mais parece uma obra abandonada que qualquer outra coisa. E enquanto isso, os três grandes do Rio, mais o Fluminense, são escravos de um estádio privatizado, administrado por um consórcio que tem a faca e o queijo na mão pra fazer o acordo que bem quiser conquanto lhe convenha a maior porcentagem de lucros… Enfim…
Mas voltando ao assunto: (Sem de fato ter saído:).
Longe de querer defender lado A ou B, mas é válido ressaltar que estamos vivendo uma era diferente. Depois de décadas de dívidas acumuladas e crescentes conforme administrações cada vez mais despreparadas tomavam o lugar da anterior, enfim, resolvemos pagar a conta. E esta já se encontrava de tal forma extensa que não era difícil de imaginar que sobraria para aqueles que, mesmo indiretamente, sempre contribuíram pra isso.
Porque enquanto nos extasiávamos e fazíamos festa com as contratações de Romário, Edmundo, Vampeta e Ronaldinho Gaúcho , não nos importávamos com o quanto aquilo prejudicava a instituição que passava a sobreviver mais pelo nome feito pelos jogadores e dirigentes do passado que pelas conquistas mais recentes. Nessa época não existia limites para o sonho do torcedor: “O que o torcedor quer é o que ele vai ter” e desse jeito o Flamengo foi levando a sua vida em diante, mas sem saber para qual direção.
O preço que pagamos hoje para ver um plantel de jogadores distante daqueles de 1981, contra um time sem expressão nacional não é um preço justo, claro! Mas ele só não é justo porque deixamos que chegasse a tal ponto. O preço que pagamos hoje é daquilo que já nos fez sorrir no passado e do que já valeu à pena pagar. E se pagamos, é porque, no fundo, sabemos disso.
O preço que pagamos hoje para ver um plantel de jogadores distante daqueles de 1981, contra um time sem expressão nacional não é um preço justo, claro! Mas ele só não é justo porque deixamos que chegasse a tal ponto. O preço que pagamos hoje é daquilo que já nos fez sorrir no passado e do que já valeu à pena pagar. E se pagamos, é porque, no fundo, sabemos disso.
Se o “povão” saiu do Maracanã é porque ele não pôde arcar com a maneira como o futebol moderno tem se configurado, através de compromissos de pagamentos, CNDs em dia, acordos com consórcios que administram estádios e patrocínios de grandes empresas. Se a geral saiu do Maracanã é porque o povão não vai sustentar o clube pagando menos de 15 Reais por partida e se isso incomoda tanto, o Flamengo e sua diretoria são os últimos a levar a culpa diante de um sistema administrativo que é adotado pelos melhores e bem mais sólidos clubes de futebol do mundo.
O “povão” quer Preço justo. Mas o “Povo” constituído por 40 milhões de apaixonados, ecléticos e com diferentes situações financeiras quer Libertadores e quer Mundial também. E tudo isso tem um preço. O de hoje já foi estipulado.
SRN
Por: Reinaldo Rodrigues