O sotaque carregado e a maneira arrastada na hora de proferir as palavras mostram logo de cara a origem de Wallace e Gabriel. Hoje moradores do Rio de Janeiro, os dois jogadores do Flamengo não deixam para trás as raízes baianas. Os costumes trazidos de Salvador prepararam o terreno para que uma amizade fosse plantada e fortificada com um adubo rubro-negro, mesmo com toda rivalidade criada nos tempos da Boa Terra.
Revelado pelo Vitória, o zagueiro Wallace, aos 27 anos, não perde a oportunidade de zoar o “irmão mais novo” quando o assunto é o clássico baiano.
– Não tem nem graça. Eu nem conhecia o Gabriel. Mas, como ele era torcedor do Bahia, sei que já me viu diversas vezes levantando o título do Campeonato Baiano pelo Vitória – provocou o defensor, que logo foi interrompido pelo meia:
– É, esse otário de careca feia ganhava mesmo. Mas, quando eu joguei a primeira final, em 2012, o Bahia voltou a ser campeão.
A rivalidade no Ba-Vi é só mais uma das que deixa a relação dos dois ainda mais divertida. Competindo até no par ou ímpar, Wallace e Gabriel fazem questão de implicar um com o outro a todo momento.
– O Gabriel é meu irmão mais novo. Sofre comigo, sempre perde no videogame – lembrou Wallace, que, mais uma vez, foi atropelado pela ousadia do “pirralho”:
– Não sou irmão mais novo, ele é quase meu pai. Tem o dobro da minha idade. E, também, só ganha de mim no videogame. No restante, eu espanco o Wallace (risos).
Folga, concentração e até férias. De um futevôlei na praia durante o fim de semana a uma viagem para Fortaleza no fim do ano. Grudada, a dupla baiana tem uma relação norteada pela implicância, algo bem característico entre irmãos. Porém, quando a conversa é sobre o futuro do Flamengo, Wallace e Gabriel falam muito sério.
– Gabriel vai ser titular do Flamengo. Ele era o melhor jogador da Bahia. Vamos conquistar a Libertadores – comentou o defensor.
– Não parabenizo o Wallace pelo bom momento dele por saber do que ele é capaz. Sempre confiei que ele ia dar certo – devolveu o meia.
Seduzidos pelo Campeonato Carioca
Apesar de terem sido criados no Vitória e no Bahia, respectivamente, Wallace e Gabriel acompanhavam o futebol carioca durante os tempos de categorias de base. Questionados sobre quais seriam os objetivos de ambos neste ano, Wallace não titubeou.
– Conquistar o Carioca e a Libertadores, sem dúvidas – disse o zagueiro, que, quando ia prosseguir com o raciocínio, foi atropelado por Gabriel:
– Nossa, o Carioca é massa demais. Lembra daquele gol do Petkovic de falta?
Entusiasmado por lembrar do lance que deu o título do Estadual de 2001 ao Flamengo, com a vitória por 3 a 1 sobre o Vasco, Gabriel também aguçou a memória do zagueiro Wallace.
– Pô, eu estava na categoria de base do Vitória. Assisti àquele jogo com um monitor do clube. Acredita que eu deixei de ver um Ba-Vi para assistir àquela partida? – completou o defensor.
Resposta ao ‘favorito’ Atlético-PR
Com uma temporada no Flamengo, Wallace e Gabriel não divergem na hora de eleger o momento mais feliz de ambos com a camisa rubro-negra. Tanto para o zagueiro quanto para o meia, o auge da temporada de 2013 foi a conquista da Copa do Brasil. Porém, de acordo com os dois, o melhor do título foi ter acabado com a soberba dos jogadores do Atlético-PR, que, segundo eles, estavam achando que iam ser campeões já na partida de ida.
– Foi muito bom ver a cara dos jogadores do Atlético-PR, desolados. Eles achavam que já tinham vencido, mas nós acabamos com a confiança deles no jogo de ida – disse Wallace, que teve o discurso reforçado por Gabriel:
– Foi ótimo ganhar dos caras.
Fonte: Lancenet