O retorno do León à elite do México coincide com a compra de 30% das ações do clube pelo segundo homem mais rico do mundo. Carlos Slim, dono de um império capitaneado por empresas de telecomunicações, escolheu os Panzas Verdes, atual campeão mexicano, para iniciar a incursão no futebol – na mesma época, agosto de 2012, ele também adquiriu 30% do Pachuca.
Foram cerca de US$ 10 milhões (R$ 24,1 milhões) investidos desde então. Valor ínfimo comparado à fortuna de R$ 167,5 bilhões do mexicano de origem libanesa, mas suficiente para valorizar o clube que ficou dez anos sem disputar a primeira divisão. Depois da conquista do Apertura, no fim do ano passado, o León elevou o valor das ações de US$ 5,5 milhões (R$ 13,2 milhões) para cerca de US$ 30 milhões (R$ 72,4 milhões).
Ao mesmo tempo em que transformou o clube a nível de uma empresa rentável, Slim agregou valor a uma base de jogadores predominantemente mexicanos e abriu espaço para a chegada de estrangeiros, como o atacante argentino Mauro Boselli. O atual elenco tem uma média de 24 anos e é composto por 80% de jogadores do país.
O meia Carlos Peña, de 23 anos, e um dos destaques do time em 2013, ilustra o processo de valorização. Ex-Pachuca, o jogador recebia cerca de US$ 800 (R$ 1.900) mensais quando chegou. Hoje ele teve o salário triplicado e tem os direitos econômicos estipulados em aproximadamente US$ 7 milhões (R$ 16,9 milhões).
Nos bastidores, há a informação de que em quatro anos o Grupo Pachuca, que também tem ações do León, abdicará do investimento e Carlos Slim poderá se tornar o único proprietário. Nesse cenário ainda há a promessa da construção de um novo estádio com capacidade para 80 mil espectadores – o atual abriga apenas 27 mil pessoas.
Esperança de um futuro ainda mais promissor para o sexto vencedor de Ligas no México sob a batuta daquele que já liderou a lista dos mais ricos do mundo por cinco anos, desbancando o poderoso norte-americano Bill Gates, ex-CEO da Microsoft.
Contrato de TV rende algumas exclusividades
O protagonismo das empresas de telecomunicações de Carlos Slim – o bilionário é responsável por cerca de 80% do mercado de telecomunicações do México – foi um facilitador para que o León conseguisse um contrato de transmissão de jogos no valor de US$ 11 milhões (R$ 26,5 milhões).
O clube é o único do país a ter esses direitos ligados às plataformas de TV a cabo. Além disso, as partidas do León são transmitidas em canais abertos nos Estados Unidos e também por meio da internet a partir das empresas do grupo de Slim.
Menos da metade da população do país, em contrapartida, não tem acesso a TV a cabo ou por satélite.
Faixa salarial baixa e mimos de Slim
Apesar dos investimentos de Carlos Slim, o León, atualmente, não aparece na lista dos maiores salários do futebol mexicano. A faixa salarial dos Panzas Verdes é de aproximadamente US$ 20 mil (R$ 48 mil).
Rafael Márquez, zagueiro que retornou à seleção mexicana, é um dos únicos a estar fora desse padrão.Ex-Barcelona, o jogador está entre os 15 jogadores mais bem pagos do México. Ele recebe cerca de R$ 290 mil.
O salário mais baixo comparado a de outros clubes, por sua vez, é compensado por alguns mimos de Carlos Slim. Ele costuma presentear os jogadores com tablets, celulares e até com planos de internet e telefonia móvel ilimitados.
Mesmo acompanhando os negócios de futebol com muita proximidade, Slim não é uma pessoa presente no cotidiano do clube. A primeira aparição pública do empresário associada ao León desde a compra de parte das ações foi no ano, no primeiro jogo da final do Apertura contra o América do México.
Quem é Carlos Slim
Nascimento: 28/1/1940, Cidade do México, México
Formação: engenheiro civil pela Universidade Autônoma do México
Fato marcante para enriquecimento: liderou consórcio que comprou a Telmex, estatal de telefonia mexicana, em 1990
Status: segundo homem mais rico do mundo em 2013, segundo a revista “Forbes”
Fortuna: US$69,5 bilhões (R$ 167,5 bilhões)
Império: 200 empresas nos ramos das telecomunicações, finanças e comércio. Destaque para a maior operadora de telefonia móvel das Américas, a America Movil.
Relação com o Brasil: controlador da Claro e Embratel brasileiras
Fonte: Lancenet