No Brasileiro de 2013, o Corinthians era o time cujo goleiro menos defesas fazia (4,4 por jogo em média), pois sua defesa permitia ao adversário menos arremates do que as demais. Era também o segundo em desarmes certos, praticamente empatado com o primeiro do ranking, o Santos (24,8 contra 24,5). Além disso, entre as equipes menos faltosas aparecia em segundo. Apenas o Flamengo (14,8 por peleja) cometia infrações, em média, índice abaixo da corintiana (15,7).
O problema era o ataque, superior apenas ao do lanterna, Náutico, com 0,7 gol por jogo (o time pernambucano fechou a Série A com 0,6). O Corinthians finalizava mal e pouco, 11,7 por peleja (mais apenas do que Criciúma, Grêmio e Bahia), apenas 4,1 no alvo a cada jogo. Só para dar uma noção, o campeão, Cruzeiro, acertava a meta adversária sete vezes por partida. Fez 50 (!) gols a mais do que os corintianos (77 a 27). Números que escancaram o desequilíbrio da equipe dirigida por Tite.
Mas esses índices mostram que o time não era de todo problemático. O melhor do meio para trás, um dos piores dali pra frente. Hoje o Corinthians é um dos mais fracos em desarmes no Campeonato Paulista, com 16,7 certos a cada jogo. Só a Portuguesa fica atrás, com 16. Segue entre os menos faltosos (13,7), atrás apenas de Atlético Sorocaba (13,5) e Audax (11,9). Mas já sofreu 12 gols em sete compromisssos, média de 1,7, assustadora perto dos 0,6 que levou no Brasileirão 2013.
Em 38 rodadas da Série A os goleiros do Corinthians pegaram a pelota nas próprias redes em 22 ocasiões. Nesses ritmo em mais meia dúzia de cotejos alcançarão a mesma marca, só que em pouco mais da metade dos que disputou na primeira divisão, ou seja, em 19 aparições. A diferença de desempenho defensivo é nítida e inquestionával como os números do Footstats deixam muito claro.
As pergunta são: não seria possível aproveitar o legado de defensivo de Tite? Qual a explicação para uma mudança tão grande de desempenho defensivo de um time tão eficiente em sua retaguarda num período tão curto? O novo/velho técnico, Mano, não poderia preservar o ponto forte do Corinthians, a defesa, enquanto tenta afinar o ataque, fortalecê-lo? Ou será que, a exemplo do que aconteceu no Flamengo, ele não consegue passar para o grupo o que pensa de futebol?
Fonte: Blog do Mauro Cezar Pereira