Eles ocupam a mesma posição no campo, mas vivem momentos opostos no Flamengo. O argentino Lucas Mugni, regularizado, estreia hoje com a camisa rubro-negra, na equipe quase toda reserva que vai enfrentar o Boavista, às 17h, em Moça Bonita. Sua realidade permite sonhar, fazer planos, esperar uma passagem feliz pelo novo clube. Minutos após Mugni deixar a sala de entrevistas, entrou Carlos Eduardo. E o tom mudou.
Não se falava mais de planos, expectativas. Mas, sim, sobre como lidar com as críticas e avaliações negativas que marcam sua passagem no Flamengo, próxima de completar um ano.
— Estou mais cascudo. Há um ano aqui, só falo de vaias. Tenho que me acostumar. Fiquei dois anos sem jogar, o torcedor precisa entender isso. É difícil. Pedi a meus pais que não fossem ao estádio por causa de vaias — disse Carlos Eduardo. — Se eu sair daqui, será com a consciência tranquila. Tentei fazer o melhor. A pressão é maior do que em qualquer lugar, é um aprendizado. E vou poder dizer a meu filho que joguei no Flamengo. Vou tentar ficar. Se não, volto para a Rússia e cumpro o meu contrato.
Se Carlos Eduardo se vê obrigado a cogitar a volta para o Rubin Kazan no meio do ano, quando acaba seu empréstimo ao Flamengo, Lucas Mugni sonha com uma longa permanência.
— É uma oportunidade linda. O Flamengo é muito conhecido no mundo. Ter esta chance aos 22 anos é importante — disse.
O calor de Bangu, a que será apresentado hoje, não impressiona o argentino.
— Venho de Santa Fé (Argentina). O verão de lá é similar — contou Mugni, que tenta aprender expressões brasileiras e, perguntado se sentia um “frio na barriga” pela estreia, quis saber do que se tratava. — Ah, sim. Então tenho frio na barriga.
O Flamengo vai poupar os titulares para o Fla-Flu de sábado. No dia seguinte, o elenco viaja para o México, onde estreia na Libertadores, dia 12, contra o León. O lateral-direito Léo será o outro estreante de hoje.
Ex-Corinthians, o goleiro Felipe, único titular a jogar hoje, criticou a invasão do CT do clube paulista por torcedores.
— A gente não sabe onde isso vai parar. No Brasil, ter punição a quem merece é difícil. Se não houver punição severa, o futebol brasileiro vai pro buraco — afirmou.
Fonte: Extra Globo