O nome do jogo indica e todos concordam que no futebol são os pés os protagonistas do espetáculo. Há, no entanto, uma outra personagem que, se não assume o papel principal, é a coadjuvante sem a qual nenhuma cena materializa o roteiro: a cabeça.
É ela que cria o jogo. Dela nascem as estratégias. Com ela gols são feitos e evitados. É a cabeça e o emaranhado de neurônios conectados no seu interior a fonte de todas as decisões antes, durante e depois de cada partida.
Quem escalar? Para onde passar? Quando driblar. Em noventa minutos, são vinte e sete cabeças, jogadores, treinadores, árbitro e auxiliares, pensando e decidindo o que fazer para alcançar os respectivos objetivos.
No jogo de estreia, a casa do cérebro foi destaque. Falhou na decisão do treinador de escalar o lento e desastrado Cáceres, que, por ironia do destino, usando a cabeça fez um gol importante, o do empate. A cabeça do Hernane colocou uma bola na trave. Aos doze minutos do primeiro tempo, a falta de conteúdo em uma das cabeças em campo, nos deixou com um jogador a menos. Nem a força da razão é capaz de explicar tamanha displicência e irresponsabilidade por parte de um ser humano que se presume pensante.
A cabeça do árbitro, como num prenúncio profético, fê-lo apitar um gol antes de a bola cruzar a linha . Quando um pé mexicano não funcionou no segundo pênalti do jogo ,a rapidez capital de quem costuma jogar com as mãos nos livrou do pior.
Com tantos papéis de destaque, ora mocinha, ora vilã, ela vai ser, sem dúvida, muito importante para fazer jogar esse time com opções interessantes no elenco, mas que, como já disse em outra ocasião, ainda não está pronto.
Enquanto escrevo, minha cabeça não para de produzir convicções que, por meio dos estímulos elétricos do pensamento, alcançam esta página através das pontas dos meus dedos: Cáceres, apesar do gol, que pode ter salvado sua noite, deu muito trabalho à nossa defesa com sua lentidão e falta de habilidade característicos. Num jogo como este, com um jogador a menos, melhor teria sido a manutenção do Éverton, com a entrada do Paulinho no lugar do Mugni. Seu estilo cadenciador foi inútil naquelas circunstâncias. Para dar fôlego ao time, penso que o Léo poderia nos ser muito útil no lugar do seu homônimo. Para concluir, nos livramos de uma humilhante goleada, tamanho o número de gols perdido pelos mexicanos. Voltamos ao Brasil com um time exausto por que dez cabeças precisaram dar um pouco mais do raro oxigênio disponível para compensar um ato desastroso de um jogador que perdeu a sua.
Milhares serão as cabeças que processarão as palavras deste texto. A mesma quantidade de opiniões diferentes será produzida. A única certeza é que os pensamentos convergem para uma conclusão: Morando em nossas mentes e corações está o clube a que atribuímos o papel de protagonista de nossas emoções. Levantemos nossas cabeças e que venha o Emelec.
FLAVIEW