O Conselho de Administração do Flamengo aprovou na última segunda-feira o orçamento do clube para 2014, que aponta, crescimento de receitas, uma meta de arrecadação para o programa de sócio-torcedor mais de dez vezes maior do que o valor obtido até setembro de 2013 e uma projeção sóbria dos possíveis lucros com Libertadores e Copa do Brasil. O clube projeta receitas somente até as quartas de final de ambas as competições. A diretoria rubro-negra, contudo, reconhece no texto do documento: haverá mais cortes nas despesas operacionais e redução nos gastos com pessoal. Na “conclusão” assinada por Eduardo Bandeira de Mello, fala-se em estimativa de aumento de receitas em 43% em relação ao orçado em 2013, com majoração das despesas operacionais em 22%.
Somadas receitas e empréstimos que a diretoria anuncia oficialmente aos seus conselheiros que buscará em 2014, o valor pode chegar a R$ 376.620.925,00. Esse seria o valor que, sem os novos empréstimos, o Flamengo teria de atingir em receitas para não fechar o ano no vermelho, pagando todas as suas obrigações. A receita total para 2014, contudo, está no fluxo de caixa com o valor de R$ 341.120.925,00, justamente R$ 35,5 milhões a menos, montante que a diretoria avisa no documento que captará com empréstimos.
Meta: multiplicar sócios-torcedores
Para o programa de sócio torcedor, o Nação Rubro-Negra, são estimados R$ 45 milhões de arrecadação, com R$ 13,5 milhões de despesa com a operação. Essa arrecadação é 10,4 vezes maior do que o valor anunciado no balancete trimestral, que incluiu o montante desde o lançamento do programa, no fim de março: R$ 4.325.488,00. O último balancete, que engloba outubro, novembro e dezembro, ainda não foi divulgado. O Flamengo anunciou recentemente, como parte da estratégia de crescimento do programa, um novo plano no qual o rubro-negro pode se tornar sócio-torcedor por R$ 29,90.
O sonho do clube é – segundo de Bandeira de Mello na coletiva para anunciar a opção mais em conta – chegar a R$ 1,6 milhões de adesões. O agora diretor executivo do Flamengo, Fred Luz, afirmou em 13 novembro de 2013, quando ainda era gerente de marketing, que esperava fechar o ano com 60 mil sócios-torcedores.
Clube estima preços e projeta chegar às quartas na Libertadores
No item que trata das receitas em bilheteria e estádio, a diretoria rubro-negra adota projeções comedidas no que se refere ao número de jogos na Copa do Brasil e na Libertadores. Enquanto a diretoria do Botafogo, por exemplo, em seu orçamento, previu receitas até de título das competições, o Flamengo trabalha com receitas somente até as quartas de final dos torneios. A previsão de total arrecadação em estádio no ano é pouco superior a do programa de sócio-torcedor: R$ 45.863.200,00 de receitas de estádio e bilheteria em 2014.
O preço médio dos ingressos calculado para o Carioca é de R$ 12, sendo que o menor preço de ingresso inteiro para a estreia com time reserva contra o Audax foi de R$ 60. Para o Fla-Flu do último sábado, o ingresso inteiro mais barato saiu a R$ 100. Para a Libertadores, o preço médio dos bilhetes é calculado em R$ 50, e, para a Copa do Brasil, R$ 45, mesmo valor estimado para ingressos para jogos do Campeonato Brasileiro. A diretoria projeta ainda um preço médio de camarotes a R$ 300 (por torcedor) e consumo individual médio no estádio a R$ 1,20 – o clube, no contrato com a concessionária do Maracanã, tem direito a receita de bares.
Presidente sinaliza cortes de despesa
No fluxo de caixa, é apresentado um saldo de 2013 de R$ 33.295,00 e projetado, para 2014, R$ 885.646,00, o que implica um valor acumulado em R$ 918.941. O resultado operacional acumulado atinge R$ 72.421.350,00 neste ano, nos cálculos da diretoria. Esse valor, contudo, é obtido com o orçamento em regime de competência, com uma subtração das despesas do total de receitas e sem a inclusão das dívidas, por isso o resultado positivo.
“No lado das despesas, temos confiança que a compreensão de todos a respeito da delicada situação financeira do clube (que vem se arrastando há muitos anos), assegurará a efetivação dos cortes e sacrifícios que precisam ser feitos. Como já apontado anteriormente, o clube precisará mais uma vez buscar produzir cortes significativos nas suas despesas operacionais para poder cumprir obrigações e compromissos que foram contraídos no passado”, diz o presidente rubro-negro do documento. Bandeira em seguida argumenta que, se os cortes não forem feitos, terão de ser feitas novas antecipações de receitas ou empréstimos, “o que seria bastante desaconselhável”, segundo o texto. No fim do documento, contudo, o dirigente coloca uma alternativa aos cortes, a possibilidade de um aumento nas receitas projetadas para este ano.
Renovações e projetos incentivados
O clube ressalta que, dentro do planejamento financeiro para os próximos dois anos, está considerando “situações ainda não concretizadas” como redução de despesas com pessoal; redução de despesas operacionais; contrato de patrocínio para a manga do uniforme; renovação com Caixa, Peugeot, Ambev, Tim, Ipiranga, e Loterj; captação dos recursos estipulados em novos empréstimos; captar o valor projetado em venda de direitos federativos de jogadores (o plano é obter R$ 10 milhões); captação de um mínimo de 30% dos valores dos projetos incentivados, atingir o valor estimado de receita em bilheteria e estádio; e atingir o valor estimado para o Programa Nação Rubro-Negra.
Os projetos incentivados têm seus orçamentos detalhados ao longo do relatório financeiro. Para as obras do Ninho do Urubu, cuja conclusão dos módulos 16 e 17 deve ser iniciada até o fim de março para ser concluída a tempo de o time realizar a pré-temporada de 2015 no local, estão orçados R$ 12,5 milhões, o que inclui acomodações para os jogadores, hoje feitas em instalações provisórias. Para reforma da piscina, a meta é conseguir R$ 4,8 milhões. Quanto aos direitos federativos, ao mesmo tempo que existe a previsão de venda, está orçado o mesmo valor para aquisição, apontando que a diretoria não pretende usar os recursos obtidos com transferência de atletas para outro fim.
Fonte: GE